Moro xingou de “alguns tontos” militantes do MBL, diz vazamento do Intercept

O ministro Sérgio Moro considerava o Movimento Brasil Livre (MBL) um grupo formado por “alguns tontos”. A mensagem é de 2016 e faz parte de novo vazamento divulgado neste domingo (23) pelo Intercept em parceria com a Folha.

“Nao.sei se vcs tem algum contato mas alguns tontos daquele movimento brasil livre foram fazer protesto na frente do condominio.do ministro”, diz o diálogo do então juiz Moro com o procurador Deltan Dallagnol, ao pedir ajuda deste para desmobilizar protesto em frente à casa do ministro Teori Zavaski, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) morto em janeiro de 2017.

Na época, militantes do MBL estenderam faixas em frente ao apartamento de Teori, em Porto Alegre, em que o chamavam de “traidor” e “pelego do PT” e pediam que deixasse “Moro trabalhar”. 

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“Isso nao ajuda evidentemente”, reclamou Moro, referindo-se ao movimento de extrema-direita.

Deltan mais uma vez foi condescendente com a “liberdade de expressão” e despistou Moro dizendo que não tinha contato com o MBL: “Não sendo violento ou vandalizar, não acho que seja o caso de nos metermos nisso por um lado ou outro.”

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O diabo é que esses “alguns tontos” do MBL, xingados pelo ex-juiz, prometem voltar às ruas no próximo dia 30 de junho em apoio a Moro.

Moro nunca foi juiz imparcial

O ministro Sérgio Moro foi acusado pela série de reportagens do site Intercept de liderar um corrupto esquema na Lava Jato que visava punir adversários políticos e ideológicos. Segundo conversas secretas divulgadas pelo jornalistas Glenn Greenwald, o então magistrado paranaense combinava com o procurador Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa, estratégias para agravar [ou aliviar] a situação de acusados.

Além de auxiliar a acusação (Ministério Público Federal), o ex-juiz também coordenava as ações de mídia da Lava Jato contra a defesa de réus –a exemplo do que ocorreu no dia do depoimento do ex-presidente Lula, 10 de maio de 2017. Moro pediu para que o MPF contestasse o ‘showzinho da defesa’ por meio de nota à imprensa.

O pedido de ajuda de Moro ao procurador Deltan, no caso desses “alguns tontos” do MBL, é mais uma evidência sobre o grau de promiscuidade e irmandade entre magistrado e MPF.

O sistema penal acusatório previsto na Constituição Federal proíbe veementemente que o julgador atue para enfraquecer a defesa reforçando a acusação. A falta de imparcialidade do julgador causa nulidade absoluta da sentença.

Acerca das reportagens do Intercept

O combate à corrupção era feito com métodos corruptos, fora da lei, segundo revelou o site The Intercept ao Brasil e ao mundo.

1- juiz e acusação afastaram e escalaram procuradores para o caso Lula;

2- eles combinaram estratégia comum [julgador e MPF] para agravar a situação de acusado;

3- eles vazaram seletivamente para a velha mídia com a finalidade de prejudicar uma das partes;

4- eles protegeram político do PSDB que não queriam melindrar e, portanto, proteger de seus rigores midiáticos; e

5- aliás, eles faziam o plano de mídia conjuntamente contra adversários políticos e adversários.