Mônica Bergamo: Lava Jato agiu para censurar entrevista de Lula à Folha

Mônica Bergamo (Folha) e Florestan Fernandes (El País) entrevistaram Lula em abril de 2019.
A jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha, repercutiu reportagem do The Intercept Brasil que mostrou submundo da Lava Jato por meio de mensagens secretas trocadas pelo ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da força-tarefa.

Em setembro de 2018, vésperas das eleições presidenciais, Mônica obteve autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para entrevistar o ex-presidente Lula na carceragem da Polícia Federal de Curitiba. Entretanto, a Lava Jato agiu para censurar a Folha e o petista.

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“ESCÂNDALO de gdes proporções: procuradores da Lava Jato agiram p impedir entrevista de Lula à Folha, mostram msgs trocadas entre eles e reveladas por @TheInterceptBr. Uma procuradora diz q rezava todos os dias p o PT não ganhar as eleições. Poder do Estado, MPF deve ser imparcial”, escreveu a jornalista.

Oito meses depois, no final de abril, Folha e El País –finalmente– foram autorizados a entrevistar Lula. Mas a eleição já havia sido “fraudada”, para usar a expressão do ex-candidato do PT Fernando Haddad, e Jair Bolsonaro (PSL) eleito. Ato contínuo, Moro foi nomeado ministro da Justiça.

Economia

Para Mônica Bergamo, as conversas secretas de Moro é um escândalo de grandes proporções. O ex-juiz aparece em mensagens do Telegram dando dicas para o procurador Deltan Dallagnol, do MPF, para ferrar os réus.

Nunca é demais recordar que no sistema penal acusatório brasileiro as figuras do Ministério Público e do juiz não se confundem. O magistrado tem que ser imparcial sob pena de nulidade absoluta do processo. É o caso da Lava Jato: todas as 62 operações deverão ser anuladas pelo STF.

O jornalista Bob Fernandes afirmou em sua conta no Twitter que num país decente haveria troca de réus, qual seja, Lula seria solto e Moro e Deltan iriam para o banco dos réus.