Intercept: “Estamos apenas no começo”

Nas vésperas do depoimento do ministro Sérgio Moro à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta (19), os editores do site Intercept Leandro Demori e Glenn Greenwald avisam que estão “apenas no começo” das revelações sobre a Lava Jato.

Os dois jornalistas dizem que o ex-juiz e procuradores da força-tarefa estão batendo cabeça para encaixar uma melhor versão para justificar a “Vaza Jato”, ora negando as mensagens trocadas entre eles, ora afirmando que pode ter ocorrido, ora atribuindo o surgimento das conversas nada republicanas a hackers…

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“A ideia é tentar nos colar a algum tipo de crime – que não cometemos e que a Constituição do país nos protege. Moro disse que somos “aliados de criminosos”, em um ato de desespero. Isso não tem qualquer potencial para nos intimidar. Estamos apenas no começo”, escreveram nesta segunda-feira no site Intercept.

Greenwald e Demori anotam que o procurador Deltan Dallagnol não negou tampouco os conteúdos das mensagens publicadas. “Ele está bastante preocupado com o que diz ser um “hacker”, mas sequer entregou seu celular para a perícia.”

O Intercept vê “ato de desespero” dos envolvidos que buscam colar nos jornalistas do site algum ato criminoso.

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“A grande preocupação dos envolvidos agora, com ajuda da Rede Globo – já que não podem negar seus malfeitos – é com o “hacker””, denunciam os editores, que reafirmam que isso não tem qualquer potencial para intimidá-los. “Estamos apenas no começo.”

Moro foi acusado pela série de reportagens do site Intercept de liderar um corrupto esquema na Lava Jato que visava punir adversários políticos e ideológicos. Segundo conversas secretas divulgadas pelo jornalista Glenn Greenwald, o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba combinava com o procurador Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa, estratégias para agravar a situação dos acusados.

Além de auxiliar a acusação (Ministério Público Federal), o ex-juiz também coordenava as ações de mídia da Lava Jato contra a defesa de réus –a exemplo do que ocorreu no dia do depoimento do ex-presidente Lula, 10 de maio de 2017. Moro pediu para que o MPF contestasse o ‘showzinho da defesa’ por meio de nota à imprensa.

O sistema penal acusatório previsto na Constituição Federal proíbe veementemente que o julgador atue para enfraquecer a defesa reforçando a acusação. A falta de imparcialidade do julgador causa nulidade absoluta da sentença.

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