Globo não mostra “tontos” do MBL nos vazamentos do Intercept

“Isso a Globo Não Mostra.” O programa Fantástico, da emissora dos Marinho, reverberou na noite deste domingo (23) novos diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Neles ficam cristalina a relação simbiótica entre o julgador, que deveria ser imparcial, e a acusação (Ministério Público Federal). Entretanto, a TV escondeu o trecho em que o ministro da Justiça chama de “tontos do MBL” o movimento de extrema-direita que se manifestava em frente à casa do ministro Teori Zavaski, morto em 2017, após repreensão ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Se a Globo não mostra, o Blog do Esmael mostra os trechos de mensagens ao distinto público. Os diálogos ocorreram em março de 2016, segundo o site Intercept:

Moro (22:36:04) – Nao.sei se vcs tem algum contato mas alguns tontos daquele movimento brasil livre foram fazer protesto na frente do condominio.do ministro. Isso nao ajuda evidentemente

Deltan (23:28:49) – Se quiser, vou atrás para ver se temos algum contato, mas, não sendo violento ou vandalizar, não acho que seja o caso de nos metermos nisso por um lado ou outro…

Deltan (23:49:32) – não, com o MBL não. Eles ficaram meio “bravos” com a gente, porque não quisemos apoiar as manifestações contra o governo no ano passado. eles são declaradamente pró-impeachment.

Moro (23:51:40) – Ok.

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Embora a Globo não tenha mostrado Moro xingando de “tontos” os militantes do MBL, esse foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais no dia de ontem.

“Quando idiotas úteis descobrem que foram idiotas inúteis…”, ironizou o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

A minimização pelo MBL do tratamento agressivo por parte do ex-juiz Moro também não passou despercebido. Mesmos xingados, os militantes do Movimento Brasil Livre confirmaram que sairão às ruas no próximo domingo, dia 30, em defesa do ministro da Justiça e da Lava Jato.

“Vão fazer o que? Tonto é tonto”, disse o ator Zé de Abreu, ex-presidente autoproclamado do Brasil.

Moro nunca foi juiz imparcial

O ministro Sérgio Moro foi acusado pela série de reportagens do site Intercept de liderar um corrupto esquema na Lava Jato que visava punir adversários políticos e ideológicos. Segundo conversas secretas divulgadas pelo jornalista Glenn Greenwald, o então magistrado paranaense combinava com o procurador Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa, estratégias para agravar [ou aliviar] a situação de acusados.

Além de auxiliar a acusação (Ministério Público Federal), o ex-juiz também coordenava as ações de mídia da Lava Jato contra a defesa de réus –a exemplo do que ocorreu no dia do depoimento do ex-presidente Lula, 10 de maio de 2017. Moro pediu para que o MPF contestasse o ‘showzinho da defesa’ por meio de nota à imprensa.

O pedido de ajuda de Moro ao procurador Deltan, no caso desses “alguns tontos” do MBL, é mais uma evidência sobre o grau de promiscuidade e irmandade entre magistrado e MPF.

O sistema penal acusatório previsto na Constituição Federal proíbe veementemente que o julgador atue para enfraquecer a defesa reforçando a acusação. A falta de imparcialidade do julgador causa nulidade absoluta da sentença.

Acerca das reportagens do Intercept

O combate à corrupção era feito com métodos corruptos, fora da lei, segundo revelou o site The Intercept ao Brasil e ao mundo.

1- juiz e acusação afastaram e escalaram procuradores para o caso Lula;

2- eles combinaram estratégia comum [julgador e MPF] para agravar a situação de acusado;

3- eles vazaram seletivamente para a velha mídia com a finalidade de prejudicar uma das partes;

4- eles protegeram político do PSDB que não queriam melindrar e, portanto, proteger de seus rigores midiáticos; e

5- aliás, eles faziam o plano de mídia conjuntamente contra adversários políticos e adversários.