‘O Exército matou meu filho’, diz mãe de catador durante enterro


O corpo do catador Luciano Macedo, que morreu depois de ser baleado pelo Exército em Guadalupe, no Rio de Janeiro, foi sepultado nesta sexta-feira (19), no Rio de Janeiro. O catador levou três tiros ao tentar ajudar o músico Evaldo Rosa, que minutos antes foi fuzilado com 80 tiros disparados pela mesma patrulha militar.

Luciano ficou internado por duas semanas no Hospital Carlos Chagas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu ontem. Ele deixa a esposa, que está grávida de cinco meses.

Aparecida Macedo, mãe de Luciano, desabafou no enterro. O catador achava que a área de Guadalupe era segura pela presença do Exército na região.

“Meu filho só estava tentando ter a casinha dele. Tinha a carteira assinada, mas não teve oportunidade, tá entendendo? E eu ainda falei para ele: ‘Vai fazer barraco aí?’. Aí ele falou pra mim: ‘Fica calma, coroa. O Exército está ali, a gente está seguro’. O Exército matou meu filho. O Exército matou meu filho”, repetia.

O catador passava pela rua quando o Exército começou a disparar contra o carro em que estavam Evaldo, a mulher, o filho e uma amiga. Luciano foi até o local para ajudar a salvar os feridos e chegou a retirar a criança de 7 anos do veículo, segundo testemunhas. Ele foi baleado ao chegar próximo ao corpo de Evaldo.

Em nota divulgada ontem, o Comando Militar do Leste lamentou a morte e afirmou que está em contato com representantes do catador.

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“O Comando Militar do Leste lamenta a morte do Sr. Luciano e solidariza-se com a família e amigos. O advogado da família do Sr.Evaldo, Dr. João Tancredo, que também auxilia a família do Sr. Luciano, que infelizmente faleceu hoje, foi contatado por autoridade militar designada pelo CML, para tratativas iniciais”.

*Com informações do G1