Governo Macron reprime manifestações de ‘coletes amarelos’ em Paris


Os “coletes amarelos” foram às ruas neste sábado (20) em toda França, é o 23º sábado consecutivo de protestos, que foi marcado por uma forte ação repressiva das forças de segurança contra o movimento.

A polícia atacou os manifestantes em várias ocasiões com granadas de dispersão e gás lacrimogêneo no centro da capital francesa, entre as praças da Bastilha e da República. Além de efetuar mais de 200 prisões.

No meio do dia, a polícia havia prendido 227 pessoas em Paris e feito mais de 20.500 checagens preventivas. Às 19h locais (14h de Brasília), havia sido decretada prisão preventiva de 178 pessoas na capital, inclusive seis menores, de acordo com a Promotoria.

Segundo a contagem das autoridades às 19h (13h), 27.900 “coletes amarelos” protestavam na França, 9.000 deles em Paris. Os coletes amarelos discordam dos números apresentados pelo Ministério do Interior.

A manifestação em Paris começou calma, com as tradicionais reivindicações de um aumento do poder aquisitivo e de mais democracia direta.

Outro protesto, que partiu da Basílica de Saint-Denis, no norte da cidade, transcorreu sem incidentes.

Economia

“Queremos viver com dignidade. Eu tenho minha pensão, mas estou aqui pelas gerações futuras”, afirmou Joël Blayon, pescador aposentado.

O clima no “ato 23” era de desconfiança, ao fim de uma semana, na qual o presidente Emmanuel Macron iria revelar um grande programa de reformas para aplacar a insatisfação social.

O anúncio foi adiado para a próxima quinta-feira pelo incêndio na Catedral de Notre-Dame, em Paris.

A comoção nacional provocada pelo incêndio de Notre-Dame irritou alguns “coletes amarelos”, especialmente pelos milhões de euros prometidos pelas maiores fortunas francesas para a reconstrução.

“Gosto muito de Notre-Dame, sou católico, mas o maior dos patrimônios são a mão e a cabeça que trabalham”, afirmou Jean-Maria, professor aposentado vindo de Auxerre (centro).

Em Bordeaux (sudoeste), centro da força do movimento, uma pequena multidão se reuniu na praça da Bolsa antes de iniciar a marcha, enquanto a polícia bloqueava o acesso às ruas do centro da cidade.

Em Toulouse (sul), milhares de pessoas se reuniram em uma praça central. “Estou com medo, mas isso não me impediu de vir”, disse Claudine Sarradet, um aposentado.

Em Marselha (sul), cerca de mil “coletes amarelos” se reuniram para protestar no Porto Antigo.

Na cidade de Lille, no norte, centenas de pessoas se manifestaram pacificamente. “Macron não pode dar respostas porque não quer mudar sua política, a de ‘tudo para os ricos'”, disse Stéphanie, de 27 anos, dona de casa.

Segundo uma fonte policial, entre 200 e 300 pessoas se manifestaram em Rouen (norte), apesar de o protesto ter sido proibido.

Como nas semanas anteriores, autoridades proibiram manifestações em locais emblemáticos do país, como a grande avenida Champs-Élysées e a catedral de Notre-Dame, em Paris.

Mais de 60.000 policiais e gendarmes foram mobilizados, anunciou na sexta-feira o ministro francês do Interior, Christophe Castaner, que disse temer o retorno dos “vândalos”.

*Com informações da AFP