Governo Bolsonaro completa 100 dias em crise permanente

O governo Bolsonaro está completando cem dias nesta quarta-feira (10). A sensação é de crise permanente. O governo levou o país a uma grave crise econômica com o desemprego atingindo mais de 13 milhões de trabalhadores.

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Nesse período, foram 28 crises que se desenrolaram por 40 dias, uma média de duas confusões por semana, sem contabilizar a queda recente de Ricardo Vélez da pasta da educação, o segundo ministro a ser demitido.

Bolsonaro já é o mais impopular entre os presidentes que foram eleitos para o primeiro mandato a partir de 1989 (Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma).

O governo iniciou o mandato provocando um verdadeiro desmonte nos programas sociais como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família e o Mais Médicos, sendo que este último, irresponsavelmente, provocou a retirada do país de aproximadamente quatro mil médicos cubano que garantiam atendimento básicos às famílias de baixa renda dos mais distantes locais do país.

Além disso, atacou diretamente o setor produtivo com o fim dos ministérios da Indústria e do Trabalho, símbolos do processo de industrialização brasileira. Reduziu em R$ 8,0 o valor do salário mínimo que pode significar este ano R$ 5 bilhões a menos na economia.

Economia

Contra os povos indígenas, Bolsonaro publicou decreto retirando a Fundação Nacional do Índio (Funai) do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

O ato também retirou da Funai a atribuição de demarcar as terras indígenas, repassando a responsabilidade para o Ministério da Agricultura, hoje sob comando de Tereza Cristina (DEM), que liberou indiscriminadamente agrotóxicos.

Para acabar com a aposentadoria pública dos brasileiros e migrá-la ao sistema bancário privado, o governo elegeu como prioritário o projeto de emenda constitucional da reforma da previdência.

Para isso, passou a ignorar que o chamado rombo nas contas públicas está no sistema da dívida pública e não na Previdência.

Na chamada agenda de segurança, o governo Bolsonaro colocou em risco a vida dos brasileiros ao flexibilizar por decreto a posse de armas de fogo no Brasil.

Nessa área ainda a imprensa internacional tratou como escândalo a escolha de Sérgio Moro para comandar a pasta do Ministério da Justiça, juiz que levou Lula à prisão e abriu caminho para a vitória eleitoral de Bolsonaro.

Na condição superministro. Moro apresentou ao Congresso o chamado projeto de lei anticrime sob a alegação de endurecer o combate ao crime e à corrupção no país.

No entanto, juristas e especialistas na área dizem que o projeto pode agravar a violência policial, o encarceramento em massa e das perseguições contra adversários políticos, principalmente dos movimentos sociais.

Outro ponto vulnerável do governo é atual política externa. Sem qualificação para o cargo, o chanceler Ernesto Araújo e o próprio Bolsonaro causam problemas constantes para imagem do país.

O governo, por exemplo, declarou sua intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que levou de imediato a Arábia Saudita a descredenciar cinco frigoríficos brasileiros que exportam para o país.

Numa posição de subserviência aos Estados Unidos, bem evidente na viagem presidencial àquele país, o governo coloca em risco o agronegócio. A China, nosso principal parceiro comercial, já admite deixar de comprar produtos brasileiros.

“Algumas coisas foram feitas em desfavor do Brasil. Outras a gente percebe que não há convicção por parte dele próprio. Ou seja, a população já sabe quem é Bolsonaro, por isso nesses 100 dias ele é o mais impopular entre todos os demais que foram eleitos na democratização do país”, disse o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (PCdoB-BA).

Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), os 100 dias do governo têm como marca o improviso, a desorganização e a tentativa de intimidar os movimentos sociais, principalmente o sindical.

“Trata-se de um governo atrapalhado, sem rumo, caminho e estratégia (…) Bolsonaro mostra que ainda não saiu do palanque”, afirmou.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), define que nem os mais pessimistas poderiam imaginar que o Brasil estaria vivendo um momento como este.

“Sem projeto para o País, o governo apoia-se em um viés fortemente autoritário, investe contra a soberania e constrange o Brasil. É um governo que vai se inviabilizando na prática”, diz o senador.

Com informações do Portal Vermelho e Correio Brasiliense.