Efeito Bolsonaro: BRF vai parar por queda na venda a árabes

A BRF, uma das maiores empresas brasileiras de alimentos, comunicou aos funcionários de Carambeí (PR) que pretende suspender a produção por 60 dias, a partir de junho, medida que pode chegar a até cinco meses.

Nesse período, os trabalhadores teriam de viver com seguro-desemprego. Se as vendas aos países árabes, principais compradores, não voltarem ao normal, cerca de 1.500 pessoas podem perder o emprego.

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O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de alimentação de Carambeí e Região, Wagner do Nascimento Rodrigues, explica que 90% da produção é vendida para o mundo árabe, com o chamado abate Halal, que segue preceitos muçulmanos.

Embora a empresa não declare os motivos do excesso de estoque, Wagner atribui à postura do governo Bolsonaro boa parte da perda de mercados.

“Na minha leitura, há reflexo da política externa do atual governo, da aproximação com Israel e por ter deixado de lado a política neutra que o Brasil tinha em relação aos conflitos dos árabes”, diz.

Economia

O sindicato fará assembleia para ver se os trabalhadores aceitam a proposta de suspensão das atividades.

A paralisação da unidade em Carambeí traz danos a toda a cadeia produtiva da região.

O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) afirma que o risco de desemprego pode ser multiplicado por três, por afetar as famílias que fornecem frangos para o abate, a maioria da agricultura familiar.

“Para o Paraná foi terrível quando a BRF encerrou a planta de perus em Francisco Beltrão, 400 aviários da região foram fechados. Se parar a produção de frangos em Carambeí, muitos vão quebrar.

As informações são do Brasil de Fato.

NOTA DA BRF:

A BRF informa que foi aprovada ontem (22), pelos colaboradores da unidade de Carambeí (PR), a proposta de acordo coletivo para suspensão temporária dos contratos de trabalho, conhecido como lay-off. A medida, negociada entre a empresa e o sindicato representante da categoria, entra em vigor a partir de 27 de maio de 2019 e pode durar até cinco meses.

A decisão de suspensão da produção na unidade reforça a estratégia já anunciada de manter os estoques em níveis adequados para a operação da companhia, ao mesmo tempo em que priorizará gestão da oferta para assegurar o equilíbrio do sistema produtivo.

A demanda atendida atualmente pela fábrica de Carambeí poderá ser integralmente garantida por outras unidades da BRF, sem impacto no atendimento a mercados e clientes.

A companhia ressalta que todos os termos contratuais vigentes serão honrados junto aos atuais produtores da região, que estão sendo contatados desde o dia 3 de abril para tratar dos próximos passos e sanar eventuais dúvidas.

A BRF esclarece ainda que, neste período, as atividades administrativas, expedição, higienização, manutenção e utilidades serão mantidas na unidade.

Matéria atualizada às 10h41 de 24/04/2019.