O objetivo é tirar Gilmar Mendes de julgamento sobre prisão em segunda instância

O telefonema do ministro do STF Gilmar Mendes solidarizando-se com o ex-presidente Lula, que acabara de perder o neto de 7 anos, pode ter sido o estopim para a lava jato pedir sua suspeição no julgamento de reclamação movida por Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador de propinas em favor de tucanos.

Se o Supremo Tribunal Federal abrir este precedente, por óbvio, haverá questionamentos futuros em exames de pautas mais estratégicos para a força-tarefa — como a inconstitucionalidade da prisão em segunda instância — o que confirmaria o velho ditado “onde passa um boi, passa uma boiada”.

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Sucumbindo Gilmar, sucumbem os demais julgadores nas duas instâncias superiores (STJ e STF). Aliás, o Superior Tribunal de Justiça se prepara para votar novo recurso de Lula até o fim deste mês.

Não é de hoje que Gilmar Mendes entrou na alça de mira de procuradores do Ministério Público Federal e de setores da Polícia Federal, esta última subordinada ao ministro da Justiça Sérgio Moro. O magistrado da corte máxima é desafeto não declarado do ex-juiz da lava jato.

Recentemente, o ministro do STF se viu envolvido numa devassa promovida pela Receita Federal. O órgão abriu procedimento para investigá-lo em supostos focos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência. Mas recuou em seguida.

Economia

Os arapongas também tentaram intimidar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, vazando delações da OAS que atingiriam seu irmão José Ticiano Dias Toffoli, ex-prefeito de Marília (SP), por suposto recebimento de propina. Igualmente morreu na casca.

Enfim, de chantagem em chantagem, é assim que a lava jato tenta se impor como poder efetivo da República. Paulo Preto, neste caso, é apenas o “laranja” — para usar um termo bastante em voga nestes tempos de Jair Bolsonaro (PSL).