Desemprego deixa 60,1% das famílias endividadas e 22,9% inadimplentes

A recessão econômica prolongada e o desemprego galopante, potencializados pelo golpe de 2016 contra o governo da presidente Dilma Rousseff, deixou uma herança de endividamento de mais de 60% e 23% de inadimplência nas famílias brasileiras, índices que revelam a gravidade da crise e que a política econômica ultraliberal do governo Bolsonaro/Paulo tende agravar.

Aumentou para 60,1% em janeiro deste ano o percentual de famílias brasileiras endividadas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira (5), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O total de inadimplentes, pessoas com o nome sujo que não podem comprar a prazo nem fazer empréstimos, também aumentou. Em janeiro de 2019, o percentual de inadimplentes foi de 22,9% contra 22,8% em dezembro.

Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes diminuiu, em ambas as bases de comparação, passando de 9,2% em dezembro para 9,1% do total em janeiro de 2019. O indicador havia alcançado 9,5% em janeiro de 2018.

“A queda na comparação anual indica que persistem o ritmo lento de recuperação do consumo e a cautela das famílias na contratação de novos empréstimos e financiamentos”, avaliou a economista Marianne Hanson, da CNC, em nota oficial.

O cartão de crédito continua sendo a principal fonte de dívidas dos brasileiros (78,4%), tendo apresentado alta entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos (79,1%). Carnês (14,0%) e financiamento de carro (9,7%) vêm logo em seguida.

Economia

Dívidas por faixas de renda

O percentual de famílias com dívidas entre os que ganham até dez salário mínimos alcançou 60,9% em janeiro de 2019, superior aos 60,8% observados em dezembro de 2018, mas abaixo dos 62,9% de janeiro de 2018.

Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de endividados caiu de 55,8% em dezembro para 57,1% em janeiro deste ano – em janeiro de 2018, o percentual deste grupo era de 53,6%

Quanto ao percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso, o indicador caiu na faixa de maior renda – de 3,8% em dezembro de 2018 para  3,4% em janeiro de 2019.

Já no grupo com renda até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos subiu de 10,4% em dezembro de 2018 para 10,6% em janeiro de 2019. Em relação a janeiro de 2018, houve queda de 0,4 ponto percentual.

*Com informações da CUT