FHC decreta a morte do PSDB

O jornalista Ricardo Cappelli, um dos maiores intérpretes da política atual, afirma que FHC decreta a morte do PSDB ao propor um novo partido com o restolho dos tucanos, PSDB, PSB, Solidariedade e pedaços do MDB.

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Ricardo Cappelli*

O artigo de FHC no Estadão é um manifesto com as diretrizes programáticas de um novo partido, que ele localiza no “centro radical, democrático e progressista”.

O Tucano é um dos poucos entre as aves de bico avantajado que continua a pensar estrategicamente. Depois do furacão Bolsonaro é muito pouco provável que o quadro partidário se mantenha como está.

Economia

Doria deverá impor uma guinada à direita ao PSDB. O clima entre o governador eleito e o grupo de Alckmin é de beligerância.

Márcio França, derrotado, também estaria insatisfeito no PSB. Não estaria disposto a se submeter ao domínio do grupo pernambucano da legenda. Credita boa parte de seu fracasso ao apoio do PSB ao PT no segundo turno.

Não será surpresa se um novo partido, com parte do PSDB, do PSB, Solidariedade, outras legendas menores e parlamentares de perfil mais ideológico até mesmo do MDB, emergir depois da tempestade recente.

Muitos enxergam na polarização Bolsonaro-PT um espaço para construção de uma terceira via com nitidez programática, seja pela centro esquerda ou pelo resgaste de um paciente dado como morto: o histórico centro democrático.

O desempenho do presidente eleito ditará o rumo e o tamanho das conspirações em curso. Uma coisa é certa. Quem analisar o quadro futuro com as peças de hoje corre sério risco de fracasso. Não entendeu ainda o vendaval.

*Ricardo Cappelli é jornalista e secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999.