Jornalistas da Record denunciam pressão para favorecer Bolsonaro

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) recebeu denúncias de vários jornalistas da Rede Record que estariam sendo assediados para publicar matérias que beneficiem o candidato Jair Bolsonaro (PSL).

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A Rede Record possui canais de televisão, rádio e portal de notícias R7. Além de beneficiar o candidato da extrema direita, os jornalistas estão sendo forçados a publicar matérias que prejudiquem o candidato Fernando Haddad (PT).

Segundo o Sindicato, a pressão começou com apoio do Bispo Edir Macedo a Bolsonaro anunciado no final de setembro.

Desde então, o noticiário deu uma guinada. O momento decisivo foi a entrevista de Bolsonaro que foi ao ar pela TVRecord em 4 de outubro, ao mesmo tempo em que os outros candidatos realizavam um debate na TV Globo.

Atualmente, a cobertura eleitoral se divide em reportagens favoráveis a Bolsonaro e negativas a Haddad.

Economia

Em nota publicada em seu site, o Sindicato dos Jornalistas afirma que as pressões internas pela distorção do noticiário tomaram a forma de assédio a diversos jornalistas. “A tensão na redação tornou-se insuportável para alguns profissionais. O fato já foi divulgado por sites jornalísticos.” Diz o texto.

A entidade lembra que um canal aberto de televisão é uma concessão pública outorgada pelo governo federal. E que o jornalismo está entre as profissões que exigem relativa autonomia por sua própria natureza (como acontece, por exemplo, com os professores). O compromisso do profissional com o “acesso à informação”, cláusula pétrea da Constituição, deve ser preponderante quando existe um conflito.

Leia a seguir a nota de repúdio publicada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo:

Repúdio

Em defesa do direito à informação correta e equilibrada na cobertura das eleições, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudia as pressões feitas pela direção da Record e exige o respeito à autonomia de apuração e edição dos jornalistas da empresa. Em função da situação, adota ainda as seguintes providências:

a) respeitando a autonomia da Comissão de Ética do SJSP, reforça o pedido para que a direção da Record endosse o “Protocolo Ético para o Segundo Turno das Eleições 2018”, enviado pela Comissão de Ética para a chefia do jornalismo de todas as empresas de comunicação do Estado;

b) solicita uma reunião imediata com a empresa para expressar diretamente sua posição e reivindicar garantias de que as pressões sobre os jornalistas serão interrompidas o quanto antes;

c) insiste desde já com as empresas de rádio e televisão do Estado para que, nas negociações da campanha salarial deste ano (data-base em 1º de dezembro), seja incluída a cláusula de consciência, integrante da pauta de reivindicações;

d) decide inserir as denúncias relativas à Rede Record no dossiê que prepara para entregar ao Ministério Público dos Direitos Humanos sobre a violação de garantias profissionais dos jornalistas no atual período eleitoral; e

e) coloca-se à disposição de todos os jornalistas da emissora para fazer debates, reuniões e adotar todas as medidas necessárias para garantir o respeito à autonomia profissional a que todos os jornalistas, e cada um, têm direito.

São Paulo, 19 de outubro de 2018

Direção – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo