O ativista Milton Alves afirma que a última e decisiva semana da campanha eleitoral cristaliza a disputa política e eleitoral mais polarizada desde a redemocratização do país, com o fim da ditadura militar. “Um processo eleitoral que deixou o país praticamente dividido ao meio entre dois projetos: um, democrático e inclusivo, o outro, autoritário e excludente”, escreve.
Por Milton Alves*
As mobilizações das mulheres neste sábado (29) em todo o país foram um marco importante na resistência das forças populares contra a escalada fascista e obscurantista da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da República. Uma candidatura que durante o processo eleitoral engoliu o PSDB e o Centrão, forças que organizaram o golpe do impeachment contra a presidente eleita Dilma Rousseff (PT).
É inegável que Bolsonaro conquistou uma grande fatia do eleitorado com propostas simplistas e de fácil apelo popular, explorando também o desgaste do atual sistema político e a grave crise econômica e social que dilacera o conjunto do tecido social da nação.
Nos últimos dias, Bolsonaro, além da pregação habitual contra os trabalhadores (inclusive contra o 13º salário e o adicional de férias), as mulheres, negros, quilombolas e a comunidade LGTBI, defendeu abertamente um golpe contra a democracia, caso seja derrotado nas urnas no próximo domingo, 7 de outubro. Numa declaração abertamente antidemocrática questionou a lisura do pleito eleitoral e bateu novamente na tecla da fantasiosa tese da fraude nas urnas eletrônicas, algo nunca ocorrido ou comprovado.
Ao mesmo tempo, a mídia oligopolizada e os partidos golpistas ventilam a tese da necessidade de impedir a vitória eleitoral das candidaturas extremistas, tentativa retórica para relativizar a ameaça golpista do candidato do PSL. É uma narrativa perigosa que abre terreno para Bolsonaro e que tenta colar no PT a marca do extremismo e da intolerância. Mais uma invencionice que visa impedir a vitória da legenda de Lula. Foi exatamente o PT e Lula, preso político, a força mais atacada pela campanha de ódio e violência em curso no país.
Neste sentido, é indispensável ampliar a jornada democrática nas ruas, agregando mais setores nas mobilizações contra o golpismo e o reacionarismo. Novas iniciativas e ações nessa reta final de campanha. Por que não um dia #EleNão dos trabalhadores em defesa do salário e do 13°, organizado pelos sindicatos? Por que não um dia #EleNão dos estudantes em defesa da Educação e contra a pauta regressiva de Bolsonaro? Por que não um dia #EleNão dos artistas contra o obscurantismo e a agenda conservadora?
Somente assim, é só assim, vamos separar o joio do trigo e disputar o voto das camadas populares, influenciadas pela pregação bolsonarista, atrair o voto democrático das candidaturas de Ciro e Boulos, deter a intolerância e a escalada antidemocrática da candidatura da extrema-direita.
Por sua vez, Haddad, o candidato de Lula, e que melhor expressa o projeto popular e as esperanças do povo por um governo democrático e da maioria social pobre, precisa deixar cristalino o seu compromisso com a revogação das medidas antissociais do governo golpista, com a recuperação das empresas públicas privatizadas, da convocação da Constituinte Exclusiva e com a imediata libertação do ex-presidente Lula.
Até domingo, e vote Haddad 13 para o Brasil ser feliz de novo!
*Milton Alves é ativista social e militante do PT de Curitiba.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.