Bolsonaro não pode tudo em nome de Deus

Os gestos, às vezes, são mais fortes que as palavras. Quanto são juntados em um mesmo tempo, espaço e contexto ganham concretude. É aí que mora o perigo e vem a pergunta: Bolsonaro pode tudo em nome de Deus?

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No primeiro pronunciado à Nação após a vitória, neste domingo à noite, o ex-militar que já foi garimpeiro chamou o ainda senador Magno Malta (PR-ES) para fazer uma oração. Deram as mãos e repetiram o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

Malta, evangélico e homofóbico, por ironia da história, acabou sendo derrotado para o Senado, no estado do Espírito Santo, para seu concorrente que se apresentou como gay [Fabiano Contarato, da REDE].

Pois bem, voltemos ao governo Bolsonaro – segundo o evangelho.

A patética cena de ontem mostrou que o futuro ocupante do Palácio do Planalto poderá mandar às favas o conceito de Estado laico, sem religião oficial, cuja garantia está inscrita na Constituição Federal de 1988.

Economia

Não pode governante algum, em nome de Deus, armar o povo e possibilitar que os cidadãos se matem uns aos outros; também não pode, de jeito nenhum, disseminar ódio e preconceitos em nome Dele.

Deus não concedeu procuração para Bolsonaro falar no nome Dele.

Um divino cheque em branco é o que pretende Bolsonaro. Mas a sociedade brasileira não concorda com fundamentalismos político e religioso. Foi isto que disseram as urnas (Bolsonaro 55% x 45% Haddad).

Saravá!