‘Nova lei trabalhista só traz desemprego e redução salarial’, diz Paulo Paim

A reforma trabalhista do ilegítimo Michel Temer gera desemprego e impede o acesso do trabalhador à Justiça. Essa foi a conclusão da audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) nesta segunda-feira (14) no Senado. A Comissão está discutindo a proposta de um novo Estatuto do Trabalho para reverter a retirada de direitos promovida pelo golpe de 2016.

O senador Paulo Paim (PT-RS), relator do Estatuto, disse que a reforma representa exatamente o oposto do que foi divulgado pelo governo e sua base para viabilizar sua aprovação. “Essa reforma é um vexame, pois funciona na contramão do que eles anunciaram. Aumenta o desemprego e a informalidade, além de reduzir a massa salarial”, enfatizou Paim.

A proposta de Estatuto do Trabalho foi apresentada na semana passada. Ela tem aproximadamente 600 artigos e resulta de aproximadamente 20 audiências públicas.

Segundo procurador Regional do Trabalho e coordenador nacional da Coordenadoria de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho do Ministério Público do Trabalho, Paulo Vieira, a reforma trabalhista gerou uma redução de cerca de 50% dos processos de trabalho. Essa redução, segundo ele, se deve à restrição do acesso do trabalhador à Justiça Trabalhista imposta pela nova legislação.

“Reduzir o número de processos é o objetivo de qualquer país civilizado. Esse objetivo só é positivo quando ele é alcançado pela evolução social a partir do cumprimento espontâneo da lei. Porém, quando isso vem através da vedação do acesso à Justiça e do impedimento da busca à reparação dos danos sofridos, principalmente dos mais pobres, é um retrocesso social, um ato de opressão e de impedimento da plena cidadania para o trabalhador”, ressaltou.

Paulo Vieira também destacou o fato de o Brasil registrar um alto índice de rotatividade nos postos do mercado de trabalho. O Brasil, segundo ele, tem por ano um número que oscila entre 20 e 25 milhões de desligamentos de trabalhadores e, de cada 100 desligamentos, 85 casos não geram processo trabalhista, pois as partes se entendem.

Economia

Segundo Marilane Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade de Campinas (Cesit/Unicamp), a reforma está dando legitimidade e espaço para ampliar as formas de contratação e as jornadas de trabalho que prejudicam o trabalhador brasileiro.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dezembro do ano passado, a população ocupada naquele mês era de 92,1 milhões de brasileiros e os trabalhadores informais (sem carteira ou trabalho por conta própria) representavam 37,1% do total, ou 34,2 milhões, superando o contingente formal, que somava 33,3 milhões. De acordo com o instituto, foi a primeira vez na história que o número de trabalhadores sem carteira assinada superou o conjunto de empregados formais.

Paulo Vieira lembrou que a reforma trabalhista previa geração de mais de seis milhões de empregos. Porém, observou ele, hoje, o Brasil conta com 1,3% de desemprego a mais do que o ultimo trimestre do ano de 2017, o que significa 1,5 milhão a mais de pessoas desempregadas.

“As previsões do PIB já foram revistas para baixo. O ex-presidente do Banco Central divulgou um estudo recente de que o PIB baixo é reflexo do trabalho informal. As pessoas só compram quando têm uma previsibilidade de renda”, apontou.

Com informações da Bancada do PT no Senado.

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