Brasil à beira do abismo

O deputado Enivo Verri afirma que a crise dos aumentos abusivos nos combustíveis, potencializada com a greve dos caminheiros, e as medidas anunciadas por Temer e Parente, favorecem investidores estrangeiros e arrocham a população brasileira.

Brasil à beira do abismo

Enio Verri*

O desgoverno do ministério de notáveis bandidos de Temer joga o País em um caos. O Exército disse não à ordem do golpista decorativo de reprimir os caminhoneiros, que já deixam passar cargas imprescindíveis, como medicamentos. O fato é que, desde 2016, uma ninhada de ratos destrói do País em várias frentes, que vão desde a produção econômica, à tecnológica, passando pela soberania. O objetivo é tornar o Brasil, com grande potencial de desenvolvimento, em uma nação de segunda classe, uma mandalete do mercado financeiro e um quintal das nações centro de poder.

Para condenar o País a um humilhante atraso, Temer conta com a ignorância geral da população e com uma sistemática inoculação de ódio e de confusão na mente dos brasileiros. O procedimento é executado por veículos de comunicação de propriedade do mercado financeiro, que ditam a pauta das redações. Ao tempo em que anuncia uma retomada da economia, que nunca acontece, esconde as corrupções do desgoverno e o desmonte do País, produzidos por um bando cuja única função é condenar o Brasil à condição de colônia.

A primeira medida de quem tomou o Palácio do Planalto de assalto foi a EC 95, que não permite eufemismos e deixa bem claro a que veio o bando de Temer. Seu objetivo é asfixiar, por 20 anos, a capacidade de o Estado investir em seu desenvolvimento. Dessa maneira, empresas estatais entrarão em irreversível decadência, sem outra saída que não a privatização. Será, a cada ano, menos investimentos na educação, na saúde, na segurança, no transporte, no lazer, no desenvolvimento tecnológico e agrário.

Economia

Em outra frente, o ministério de notáveis escravocratas de Temer aprovou uma reforma trabalhista com a desfiguração de mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ela vem sendo construída com o sangue e o suor dos brasileiros, há 75 anos, e o Partido dos Trabalhadores a utilizou para criar quase 20 milhões de empregos formais. O Brasil retrocedeu há mais de 100 anos nas regras que normatizam as relações entre a força de trabalho e os donos dos meios de produção.

A terceirização, o negociado sobre o legislado, o trabalho temporário e o trabalho de gestantes em lugares insalubres são atrasos civilizatórios. Um governo que condena um feto, o futuro da nação, a qualquer nível de insalubridade, definitivamente não tem o menor interesse no desenvolvimento do País. A terceirização joga os trabalhadores em um limbo trabalhista e coloca toda a sociedade sob a insegurança da prestação dos serviços. Escolas e hospitais podem contratar professores e médicos terceirizados, distanciando os profissionais e a prestação do serviço de toda a população.

Temer e seu bando oferecem aos estrangeiros, como sucatas, os recursos energéticos e as empresas estratégicas nacionais. Apesar de os grandes veículos de comunicação esconder, os brasileiros já sabem que a crise dos combustíveis no Brasil se deve à política de desmonte da Petrobras. Pedro Parente tomou duas decisões para acelerar a destruição da empresa e agradar seus patrões. Ele deixou de agregar valor ao petróleo nas refinarias brasileiras e atrelou o valor do óleo à variação do dólar. Essa política provocou um caos que fez a Petrobras perder R$ 74,3 bilhões de valor de mercado.

O resultado é a subutilização das refinarias, em mais de 30%. Agora, o óleo bruto segue para as refinarias estrangeiras, de onde o Brasil compra os combustíveis já industrializados. Os governos do PT fizeram a Petrobras valorizar 1.426%, entre 2003 a 2015. O valor dos combustíveis foi mantido sob controle do Estado, com 16 reajustes, em 14 anos, para que o maior número de brasileiros tivesse acesso a eles. Desde 2016, a política de preços adotada por Parente reajustou os combustíveis 229 vezes. A partir de julho de 2017, até o momento, o diesel acumulou alta nas refinarias de 58,75%.

As medidas de Temer e Parente favorecem investidores estrangeiros e arrocham a população brasileira. Cerca de R$ 1,2 milhão pessoas passaram a usar lenha e carvão para cozinhar, porque não conseguem pagar mais de R$ 80,00 em um botijão de gás. A transformação da Petrobras em empresa privada excluirá um número ainda maior de pessoas do consumo de combustíveis. Os governos do PT interferiram nos preços para proteger a população mais pobre. Já os investidores estrangeiros visam apenas o lucro que auferem com a valorização dos papeis da empresa, na Bolsa de Valores.

É um governo cujo ocaso miserável arrasta todo o País para o caos. O Brasil está parado, não há sinais de retomada econômica. O País passou por quatro grandes crises econômicas: 1932, 1984, 1993 e 2017. A recuperação da economia, após o primeiro ano depois das três primeiras crises foi de, 4,3%, 5,4% e 4,9%, respectivamente. Já o crescimento do PIB, em 2017, um ano depois do golpe de 2016, foi de 1%. Após os dois primeiros anos das recessões citadas, a recuperação foi de, 13,6%; 13,7% e 11,1%. O crescimento do PIB, desde o golpe a 2018, não passou de 3,5%. Menos que a recuperação da economia nos anos 1930, 1980 e 1990.

Até ontem, a situação estava fora do controle. Apesar de um acordo anunciado pelo governo, muitos profissionais de uma classe com várias lideranças decidiram não aceitar o acordo e a greve se mantem. Para expor ainda mais a falta de legitimidade de quem tem apenas 4% de aprovação popular, segmentos profissionais, como, motoboys e condutores de vans escolares e de lotação aderiram ao movimento. Tanto a redução em R$ 0,46, no preço do diesel, quanto os reajustes da gasolina, demonstram que Temer não governa. As incertezas são grandes e a crise criada pelo golpe ameaça manutenção da democracia, em 2018.

A ocupação das ruas do País é a saída para devolver o Brasil aos brasileiros. Não se pode permitir que aventureiros do Legislativo, do Judiciário, ou da Caserna, imponham, 54 anos depois de a última vez que a democracia foi suprimida no Brasil, mais um governo sem legitimidade. A situação do Brasil é delicada. A população está acordando para o fato de ter sido enganada e já se mobiliza por diversos motivos e meios. Por outro lado, os golpistas já investiram demais para desistirem de colocar as mãos numa fortuna superior a US$ 8 trilhões e de poder controlar a soberania de um país rico em recursos naturais, tecnológicos e humanos.

*Enio Verri é deputado federal pelo PT do Paraná.