Temer quer privatizar presídios na onda da intervenção no Rio de Janeiro

A intervenção federal no Rio de Janeiro poderá ser transformada num grande negócio da China para membros do governo Michel Temer, que retomaram esta semana a ideia de privatizar os presídios brasileiros.

A proposta é de jerico, para não adjetivar ainda mais.

Em agosto de 2016, os Estados Unidos, meca do liberalismo econômico, anunciaram a estatização das penitenciárias por dois motivos: 1- o sistema de presídios privados do país é pior do que o público e 2- custa mais caro.

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O ministro da Segurança Pública [do Rio], Raul Jungmann, disse na última quarta (28) que vai incluir a construção de presídios no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e no Programa Nacional de Desestatização (PND).

Ao entregar o sistema prisional para particulares, objetivamente, Temer fará um negócio da China — para alguém — muito ruim para os cidadãos. Tal iniciativa atende à lógica de aumentar a população carcerária no Brasil que já é a terceira maior do mundo com 726 mil presos.

Economia

“Privatiza-se para que o poder privado consiga aumentar os seus lucros. Portanto, privatizar o sistema prisional significa buscar mais vagas; e buscar mais vagas significa buscar mais presos. E, nesse sentido, a privatização inexoravelmente vem com um projeto de aumento do número ou aumento do número de pessoas que compõem a população prisional”, concorda Alamiro Velludo Salvador Netto, presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

Nunca é demais recordar que o Complexo Penitenciário Anísio Jobim, de Manaus, palco do massacre de 56 apenados em janeiro de 2017, é um presídio privatizado. A empresa privada Umanizzare (humanizar em italiano) teria recebido R$ 137 milhões para gerir o COMPAJ.

Quanto à privatização pretendida, pesquisas recentes indicam que 70% dos brasileiros tem ojeriza à venda ou transferência de serviços públicos para terceiros. Mas para Michel Temer et caterva o que importa é a oportunidade.

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