Moradores de favelas organizam Comissão Popular da Verdade no Rio

Uma Comissão Popular da Verdade para acompanhar a atuação das forças de segurança no Rio de Janeiro está sendo articulada por moradores de favelas, movimentos sociais, organizações de direitos humanos, universidades, centros de pesquisas e diversos mandatos parlamentares. Uma das maiores preocupações da futura Comissão da Verdade é com o aumento da restrição de liberdades aos moradores das favelas. Com a intervenção militar, as populações de comunidades pobres são alvos de constantes operações de contingentes das Forças Armadas. A morte da vereadora e ativista social, Marielle Franco, funcionou como um “gatilho” para um maior ativismo em defesa dos direitos humanos nas favelas do Rio.

 

Para Shirley Muriel, moradora da Rocinha e membro do Coletivo de Favelas, que participa da construção da comissão, esse é um espaço muito importante para que os mais pobres consigam sobreviver e resistir à intervenção militar no dia a dia.

“Antes a gente conseguia denunciar nos ministérios e na Defensoria Pública, mas a gente não tinha uma organização com pessoas de outras favelas. Então, a comissão vem com o propósito de unir forças de várias organizações para trabalhar pela segurança do povo”, explica.

Uma das maiores preocupações de Shirley com a intervenção é o aumento da perseguição e restrição de liberdades aos moradores das favelas.

“Cada dia estamos com mais medo. A Rocinha está passando por um processo de violência, já tivemos outras intervenções lá com o Exército e só piora a violência. Quando fazemos manifestação no outro dia vem bomba, vem tiro, vem todo o processo de repressão do estado em cima da gente. Estamos sendo controlados, estamos com medo. A morte da Marielle nos deixou com mais medo ainda”, desabafa.

A Comissão Popular foi pensada em resposta à declaração do general Eduardo Villas Bôas, que reivindicou “garantia aos militares para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade no futuro”, como aconteceu 30 anos depois do fim da ditadura militar.

Economia

Segundo Lucas Pedretti, militante do Coletivo Memória, Verdade e Justiça do Rio de Janeiro, o grupo tem se organizado na tentativa de criar uma unidade entre as frentes que estão agindo para “denunciar as ameaças aos direitos humanos no contexto de intervenção militar”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *