Intervenção de Temer no Rio perde apoio da população; cresce a resistência no Exército

A repercussão internacional do assassinato da ativista social e vereadora, Marielle Franco (POSL), e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, abriu novamente um forte debate sobre a eficácia da intervenção militar patrocinada pelo governo golpista de Temer na segurança pública do Rio de Janeiro. Com resultados pífios, os diversos entes envolvidos travam uma intensa guerra de bastidores sobre as competências e papéis na condução das operações, basicamente de cerco e vigilância às comunidades pobres da cidade. Depois da derrota na tentativa de reforma da Previdência no Congresso, as apostas do governo golpista se voltaram para a intervenção, que perde fôlego politico e apoio da população.

Além disso, a intervenção atravessa um período conturbado, potencializado pela execução da vereadora e de seu assessor. Entre desconfianças e crescentes conflitos, os efetivos do Exército no campo de operações têm encontrado reduzida colaboração da Polícia Militar, que sofre assédio do crime organizado e de milícias —  muitas integradas por policiais da ativa e aposentados. Além disso, o general interventor, Walter Souza Braga, não obteve êxito no seu objetivo de unificação das ações policiais, restando ao Exército operações tipicamente de polícia como identificação de pessoas, invasão de lares e outras abordagens como revistas em veículos e motocicletas.

Após o assassinato de Marielle, uma nova vertente do debate ganhou força e foi vocalizada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que avalia a possibilidade de pedir a federalização das investigações do assassinato da vereadora. Raquel determinou na quinta-feira (15), a instauração de procedimento instrutório de eventual Incidente de Deslocamento de Competência. Raquel ainda solicitou à Polícia Federal que adote diligências de investigação necessárias. Ou seja, um ingrediente a mais no já confuso cipoal de órgãos estaduais e federais envolvidos com a intervenção.

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro começou a receber fortes pressões dos organismos internacionais, que demandam respeitos aos direitos humanos e aos tratados internacionais no tocante às cláusulas democráticas do qual o país é signatário. A ONU e o Parlamento Europeu criaram comissões para acompanhar o processo de investigação dos assassinatos de Marielle e Anderson.

Mais um fracasso político de Temer

Economia

O presidente golpista Michel Temer adiou a viagem que faria ao Rio de Janeiro, no próximo domingo (18), onde faria o balanço do primeiro mês da intervenção, marcada por ações abusivas contra a população.

Depois da derrota na tentativa de aprovação da Reforma da Previdência, todas apostas políticas do governo golpista se voltaram para o tema da segurança no Rio, uma vitrine política para tentar alavancar a popularidade de um governo com minguados índices de aprovação e repudiado pelo povo brasileiro.

Analistas chapa branca chegaram a festejar a decisão de Temer como a sua redenção eleitoral, o que possibilitaria a construção de sua candidatura à presidência da República, esvaziando a pré-candidatura de Jair Bolsonaro. Até o ministro Raul Jungmann foi cotado para disputar as eleições para o governo do estado do Rio de Janeiro.

Os fatos revelaram os limites de uma política de intervenção improvisada, baseada somente em ações repressivas e sem um planejamento adequado, que transformaram o Exército Nacional numa força de ocupação policial em territórios densamente povoados e sem um alvo específico. Especialistas têm alertado para os riscos institucionais do envolvimento do Exército em operações policiais dessa natureza, alguns apontaram até para o exemplo do México, onde o Exército daquele país foi transformado em força policial de natureza interna, o que se  convencionou chamar de “Mexicanização” da política de segurança.

A continuidade da espiral de violência, ampliada pela intervenção demagógica e eleitoreira, enterrou as pretensões politicas de Temer (MDB) e, por tabela, do atual presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia (DEM).