Aldo Rebelo sai à Presidência da República, se Geraldo Alckmin não “dobrar a meta”

Antes de tudo é importante o leitor ter ciência da existência de um consórcio, em São Paulo e no Paraná, formado pelo PSDB e PSB. Dito isto, o tucanato deu prazo para que o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) “dobre a meta” nas pesquisas. Se ele falhar até abril, o ex-ministro Aldo Rebelo será ungido candidato do PSB à Presidência da República.

Originalmente, o PSB torce pela candidatura de Alckmin porque isso abriria o governo de São Paulo para o vice socialista Márcio França. A desincompatibilização do tucano colocaria o PSB na maior vitrine da América Latina, algo que nem Miguel Arrais sonhou chegar tão rapidamente.

Aldo, antevendo o fracasso do aliado do PSB, Alckmin, escreveu uma carta ao presidente nacional do PSB Carlos Siqueira colocando-se à disposição de um projeto nacionalista.

“Entre as opções, ofereço ao PSB o meu nome e a minha contribuição para que possamos buscar o protagonismo alcançado nas eleições presidenciais recentes com o saudoso companheiro Eduardo Campos”, diz um trecho da carta escrita pelo ex-ministro.

Leia a íntegra da missiva:

Prezado presidente Carlos Siqueira,

Economia

A grave e profunda crise que enxovalha o passado, sabota o presente e compromete o futuro do Brasil como Nação livre, próspera e soberana impõe aos patriotas e democratas a missão cívica de levar ao povo brasileiro um programa de desenvolvimento e convívio democrático voltado ao fortalecimento da autonomia nacional e à melhoria do padrão de vida material e espiritual da população.

As eleições de 2018 oferecem a oportunidade de o País reencontrar-se com sua vocação desenvolvimentista e democrática. O PSB tem condições de unificar um conflagrado campo de amplas forças políticas, econômicas e sociais, em torno de uma plataforma de reconstrução e afirmação nacionais.

O PSB pode e deve assumir, na campanha, a bandeira histórica do nacionalismo de conteúdo democrático, banido do atual cenário político pelo cosmopolitismo de mercado das forças conservadoras e a renúncia ao ideário nacionalista pela maior parte das organizações de esquerda, hoje abraçadas com o multiculturalismo, o identitarismo e outras manifestações estranhas à unidade e coesão nacionais. Resta ao PSB acolher o grande órfão da desorientação geral dos tempos atuais: o Brasil.

Em momento semelhante ao que atravessamos hoje, no início dos anos noventa, logo após o impedimento do presidente Fernando Collor, o então presidente do PSB, Miguel Arraes, publicou documento de orientação política, ainda de grande atualidade, intitulado “A Questão Nacional”, no qual alertava para a centralidade do interesse nacional na grave conjuntura que se avizinhava.

Equidistante das falsas polarizações e liderando o ideário nacionalista e de redução das desigualdades sociais, o PSB pode e deve oferecer ao Brasil uma agenda mobilizadora de segmentos empresariais da cidade e do campo, dos trabalhadores urbanos e rurais, e das camadas médias interessados na retomada do crescimento da economia, sem o que não há solução possível para a crise fiscal, previdenciária e de financiamento das obrigações nacionais relacionadas com a defesa do País, infraestrutura, ciência e tecnologia, educação, saúde e segurança pública.

Fundado em 1947, o PSB não é só uma das mais antigas agremiações políticas como se mantém fiel a um programa de defesa dos interesses estratégicos do Brasil, visando à construção de um grande País à altura de seu povo trabalhador e generoso. A militância aguerrida continua a honrar a causa nacional sustentada no PSB, entre tantas outras enumeráveis, por figuras históricas da estatura de Adalgisa Nery, Antônio Cândido, Antônio Houaiss, Barbosa Lima Sobrinho, Evandro Lins e Silva, Evaristo de Moraes Filho, Hélio Pelegrino, Hermes Lima, João Mangabeira, Joel Silveira, José Honório Rodrigues, José Lins do Rego, Jamil Haddad, Paulo Emílio Sales Gomes, Rubem Braga, Sérgio Buarque de Holanda e Eduardo Campos.

Evocando esses valores, tomo a liberdade de propor ao Partido a participação no debate eleitoral de 2018 com uma candidatura escolhida entre os diversos quadros partidários habilitados para a disputa da Presidência da República. Entre as opções, ofereço ao PSB o meu nome e a minha contribuição para que possamos buscar o protagonismo alcançado nas eleições presidenciais recentes com o saudoso companheiro Eduardo Campos.

O desafio que se apresenta no horizonte político-eleitoral é o de relançarmos a candidatura própria, ancorada em múltiplas alianças e nomes testados na vida pública, com vistas à execução de um fecundo Projeto Nacional.

Arautos da desesperança procuram nos impingir o passado como vergonha e o medo como futuro. É hora de reagir, reafirmando o orgulho do nosso passado e a confiança no futuro. Esperança e coragem: é o que o Brasil espera de nós.

Brasília-DF, 8 de janeiro de 2018.

Cordialmente,

Aldo Rebelo

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