O neoliberalismo descamba para a corrupção, ensina “Caso Alerj”

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foi bastante obediente à ideia de reduzir o Estado e, em nome da “eficiência” gerencial, privatizar ativos, massacrar os servidores públicos, como reza a cartilha neoliberal. Tal modelo fluminense é o mesmo que no mundo todo — e noutras partes do país — também descambou em corrupção.

Já foi dito aqui antes, neste Blog do Esmael, que, com exceção do Brasil, quase todos os presidentes latinoamericanos, que professavam a seita neoliberal no início dos anos de 1990, acabaram atrás das grades. Vide Carlos Menen, na Argentina; Alberto Fujimori, no Chile; Alejandro Toledo, no Peru (com ordem internacional de prisão); dentre outros que ainda respondem processos por corrupção.

A exceção na América Latina, desse período de ofensiva do neoliberalismo, tem nome: Fernando Henrique Cardoso, o FHC, porque houve – e há – um conluio ideológico no Brasil, inclusive com participação de parte do judiciário, para sistematicamente atacar as premissas do Estado Social consagradas na Constituição de 1988. A privataria tucana gerou mais de US$ 100 bilhões de prejuízo ao erário.

Voltemos ao caso da Alerj, no Rio de Janeiro.

A soltura dos três deputados estaduais presos por determinação Justiça Federal, sob o argumento de “corrupção permanente”, chocou o país devido a sempre espetaculosa cobertura midiática.

A revogação das prisões pela Alerj teria sustentabilidade caso houvesse o reconhecimento de que o esquema de corrupção, ora denunciado pelo MP, é decorrente do enfraquecimento do Estado. Note que eles [os parlamentares] são acusados de fazer um “caixinha” com propina do transporte coletivo (concessionário) para comprar votos de colegas deputados. Se o serviço fosse público, as dificuldades para operar o esquema seriam multiplicadas por mil.

Economia

O modus operandi na Alerj é o mesmo de outras assembleias legislativas no país. Enquanto houver ambulâncias para serem distribuídas aos deputados, dentre outras tetas, eles sempre votarão para que uma companhia de água ou energia seja privatizada, leiloada, vendida na bolsa de valores e transferida de maneira “mansa” ao capital privado, em troca de uma satisfação eleitoral, de uma contribuição para a campanha de reeleição.

Portanto, o buraco é mais embaixo. A luta contra a corrupção, por si só, sem entender o que está acontecendo, sem saber o que se pretende enquanto Nação, é enxugar gelo. Torna-se um fetiche, uma fantasia, como se transformou a lava jato, que poderia ter contribuído para o desenvolvimento da cidadania e da economia, mas ficou estacionada no ódio, na perseguição política e na divisão dos brasileiros.

Comments are closed.