Morte de reitor da UFSC reacende projeto de abuso de autoridade

A trágica morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luís Carlos Cancellier de Olivo, além de causar comoção, reacendeu a discussão acerca da punição ao abuso de autoridade.

Antes de se matar, na manhã desta segunda-feira (2), o reitor deixou carta relatando vexame a que foi submetido com a prisão no dia 14 de setembro.

O reitor foi alvo de investigação de irregularidades na UFSC, no âmbito da da Operação Ouvidos Moucos, que era coordenada na Polícia Federal pela delegada Érika Marena, ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Cancellier nem foi ouvido, antes de ser preso.

“Por que a Câmara Federal não põe a voto de uma vez o projeto de abuso de autoridades? Põe ordem nas investigações”, protestou o senador Roberto Requião (PMDB-PR), autor do PL 85/2017 aprovado em maio pelo Senado.

A vice-reitora da UFSC Alacoque Erdmann acredita que Canecellier se matou após ser preso injustamente numa operação da Polícia Federal.

“Temos certeza de que a universidade não vai esquecer jamais de quem foi Luís Carlos Cancellier. Ele deixa a vida, deixa seu sangue pela UFSC e, como tal, nós precisamos eternamente reconhecer. Viva nosso querido Luís Carlos Cancellier”, declarou.

Economia

Em outro manifesto, professores de Direito da UFSC afirmam que Cancellier foi vítima da nova Inquisição brasileira. Segundo eles, “o colega para o punitivismo de um Estado policialesco (e de uma parte da sociedade que adere a esse discurso) que rebaixa todos à condição de criminosos prévios, sem direito à defesa ou contraditório. Que primeiro prende e depois investiga. Que destrói reputações e depois arquiva”.

A mesma opinião compartilha o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão que, ao Blog do Esmael, lamentou “mais uma vítima do punitivismo” estatal.

Assim, em tempo de lava jato e espetáculos midiáticos, o Estado policialesco vai colecionando seus cadáveres.

“É chegada a hora da sociedade brasileira e da comunidade jurídica debaterem seriamente a forma espetacular e midiática como são realizadas as prisões provisórias no Brasil, antes sequer da ouvida dos envolvidos, que dirá sua defesa”, exigiu a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Santa Catarina.

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