Verdadeiro “pai da lava jato” contesta filme “Polícia Federal – A lei é Para Todos”

O ex-deputado Neivo Beraldin presidiu a CPI do Banestado, em 2003, que culminou com primeira prisão do doleiro Alberto Youssef e o juiz Sérgio Moro foi quem, na época, autorizou a quebra do sigilo de doleiros de todo o país.

“Não é verdade que antes da atual fase de investigação de corrupção nada tenha sido feito. É mentira do filme Polícia Federal — a Lei é Para todos porque a CPI do Banestado, presidida por mim, foi a maior operação contra corruptos e corruptores”, discorreu Beraldin com exclusividade ao Blog do Esmael.

“O filme da lava jato é uma farsa”, emendou. Segundo ele, antes da lava jato houve investigação de “peixes graúdos” no sistema financeiro brasileiro.

O ex-parlamentar é considerado o verdadeiro “pai da lava jato” para quem conhece a História ou, na melhor das hipóteses, viveu a História como ela é.

A CPI do Banestado na Assembleia Legislativa do Paraná investigou há quase 15 anos a evasão de US$ 134 bilhões (algo em torno de R$ 500 bilhões em valores atualizados). Dentre os depoentes, lembra Beraldin, estavam o atual ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o dono do Itaú Olavo Setúbal (morto em 2008) — ambos acusados de evasão de divisas e sonegação fiscal.

Como todo pai, Neivo Beraldin anda desgostoso com os trabalhos da força-tarefa que só tem olhos para o ex-presidente Lula e o PT. “A ideia fixa é tanta que até no nome do filme tem PT”, referindo-se à corruptela de “Para Todos”.

Economia

Mais tarde, na CPMI do Banestado no Congresso Nacional, Meirelles foi responsabilizado pela remessa ilegal de US$ 1 bilhão em setembro de 1998 por meio da empresa Boston Comercial e Participações Ltda., subsidiária do Banco de Boston, na ocasião presidido por Meirelles. Entretanto, o agora ministro da Fazenda foi poupado pelo relator da comissão mista de investigação.

A respeito da operação lava jato, o procurador da República Celso Três, em julho de 2016, sustenta que o juiz Sérgio Moro não é competente para investigar a multiplicidade de delitos a que se propõe.

“A Lava Jato está na Justiça Federal mercê de olímpica ginástica de conexão probatória com outros delitos (lavagem de dinheiro transnacional) e agentes federais (ex-parlamentares). Na sua essência, seria da Justiça Estadual”, diz um trecho de um documento elaborado pelo procurador que investigou as célebres contas CC5 do Banestado, em cujo caso também atuou o juiz federal Sérgio Moro.

A CPI do Congresso virou uma enorme pizza. Os tubarões do sistema financeiro se safaram. Beraldin não foi reeleito. E o procurador Celso Três não prosperou na carreira. Este o verdeiro final do filme.

O que eram as famigeradas constas CC-5

A remessa ilegal de dólares ocorria via o antigo Banestado — privatizado e vendido para o Itaú — por meio de contas CC-5 na agência de Nova York.

As contas CC-5, extintas pelo Banco Central em 1996, serviam para que empresas multinacionais ou brasileiras com interesses no exterior transferissem dinheiro para fora do País, mas também eram são utilizadas para o envio de dinheiro a brasileiros que moram no exterior.

Entretanto, pela mágica de doleiros, o dinheiro era enviado para outros bancos nos EUA e, depois, para paraísos fiscais – como acontece em esquemas de lavagem de dinheiro.

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