Richa faz um governo imoral, diz Enio Verri

O tucano Beto Richa faz uma gestão cínica mergulhada num mar de lama, escreve o deputado Enio Verri (PT-PR), apontando conluio da imprensa que toca loas aos ajustes fiscais enquanto o estado naufraga sob o desgoverno e a corrupção.

Um governo imoral e o silêncio da imprensa que o apoia

Enio Verri*

O caráter liberal dos tucanos se revela no modus operandi de desmantelamento da coisa pública, em favor da iniciativa privada, quando não em interesse próprio. Na capital e no estado de São Paulo os tucanos comprometem a educação dos mais pobres, desviando ou racionando merenda.

Já no Paraná, entre outras medidas do pacotaço aprovado, ontem, pela ALEP, o governador nega cidadania e valorização profissional ao depreciar a socioeducação e a educação prisional, a partir de 2018, congelando e reduzindo as gratificações da função dos profissionais a menos da metade do atual valor.

Beto Richa nega cidadania a pessoas pobres e em conflito com a justiça, que sofrerão a precarização dessa ferramenta para a superação da condição em que se encontram. Nega a profissionais preparados para atuarem nas referidas situações a possibilidade de refinarem suas capacidades e de desenvolverem tecnologia educacional para melhor atender cidadãos confinados.

Economia

O pacotaço aprovado também atenta contra a segurança pública e a dignidade dos profissionais que nela trabalham. Estão suspensos, por três anos, concurso para a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Para compensar a falta de profissionais, o governado comprará seis horas do período de descanso dos agentes, permitindo-lhes trabalhar mais numa atividade profissional extremamente estressante. Segundo o governador, a medida é para economizar R$ 100 milhões.

Em conversa com outro tucano, tão truculento quanto, Richa disse que as reivindicações dos servidores públicos – pelos seus direitos e condições mínimas de trabalho – são privilégio. É a mais pura desfaçatez. De um lado, ele arranca direitos e R$ 8,5 bilhões de servidores públicos, sob um massacre com bombas e balas. Do outro, emprega esposa, irmão e filho, pelo erário, e não critica os R$ 13 mil da pensão de sua mãe.

A imposição de uma austeridade, por Beto Richa, torna-se ainda mais cínica quando se lembra do mar de lama que naufraga o seu governo. O governador responde a três inquéritos no Superior Tribunal de Justiça. Num deles, as investigações da Operação Publicano identificaram que mais de R$ 200 milhões foram desviados da Receita Estadual, dos quais, R$ 4,3 milhões podem ter irrigado a campanha de Richa, em 2014.

Também no STJ, resultado da Operação Superagui, Richa e família respondem por beneficiamento em fraude de licença ambiental no Porto de Paranaguá. O outro inquérito contra o governador diz respeito a uma doação não declarada da Odebrecht, de R$ 2,5 milhões, para a campanha de Richa. Já as mais recentes revelações da Operação Quadro Negro deixam nu, não apenas Beto Richa, mas também outro peessedebista, o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni.

Segundo uma delação ainda não homologada, R$ 12 milhões, dos R$ 20 milhões desviados de reformas e construção de escolas públicas, teriam abastecido a campanha de Beto Richa. A empresa Valor recebeu, mas não executou as obras contratadas, causando incalculável prejuízo não apenas para os milhares de estudantes que deixarão de ser atendidos diretamente, mas para o estado, que desinveste em educação.

Essa é a preocupante realidade do estado do Paraná. Tem um governo mergulhado em escândalos de corrupção e que age com truculência contra os protestos de servidores públicos, eleitos por Richa como os causadores dos desajustes fiscais e financeiros do estado. Já parte da imprensa do Paraná se parece com a orquestra do Titanic. Toca loas aos ajustes fiscais enquanto o estado naufraga sob um desgoverno. Será espantoso se a população do Paraná o eleger senador, em 2018.

*Enio Verri é deputado federal pelo PT do Paraná.

Comments are closed.