Reviravolta no “Caso Castanheira”

O advogado criminalista Claudio Dalledone Junior divulga retratação do empresário Luiz Mussi, que, em confissão judicial, admitiu ter inventado sobre sua suposta morte encomendada junto ao policial civil Gabriel Castanheira.

O Caso Castanheira, típica matéria criminal, ganhou contornos políticos no Paraná porque Mussi era empresário da área de comunicação (ele vendeu o grupo Mercosul aos evangélicos), foi secretário de Estado, e é influente no mundo da política.

“Acusou e depois voltou atrás. Processado por crime de difamação confessou que mentiu, que foi leviano e imprudente”, explicou Delladone Junior.

Castanheira fez o seguinte desabafo após o desfecho do caso: “O que me vale é que a mentira foi desfeita, a verdade prevaleceu e eu acabei tendo novas oportunidades que me levaram a outro patamar”. O policial é o atual secretário da Segurança no município de Camboriú (SC).ca

Abaixo, leia a íntegra do despacho do escritório de Claudio Dalledone Junior:

Luiz Mussi assume farsa e faz retratação pública ao policial Gabriel Castanheira

Economia

Após ser processado criminalmente, empresário confessou ter inventado toda a história sobre sua suposta morte encomendada há um ano

Há pouco mais de um ano, o policial civil Antonio Gabriel Castanheira Junior era exposto em rede nacional. Uma tentativa de reintegração de posse de sua residência, com uso progressivo da força, ganhou as manchetes dos noticiários. Nas imagens, Castanheira aparecia com um fuzil forçando a entrada da guarita do condomínio onde morava. No local, apenas duas casas. A de Castanheira e a do empresário Luiz Mussi.

Castanheira foi execrado publicamente, acusado de ser um “matador de aluguel” que estava no local para assassinar o empresário Luiz Mussi. Na época, policial renomado e condecorado da Divisão Estadual de Narcóticos (DENARC), Castanheira viu sua vida ser jogada na lama, quando, em uma coletiva de imprensa, o empresário fez graves e levianas acusações. Não só na coletiva que reuniu toda a imprensa de Curitiba, mas também nas redes sociais, Mussi acusou Castanheira de ser um matador contratado por sua irmã, Liliane Mussi. Acusou e depois voltou atrás. Processado por crime de difamação confessou que mentiu, que foi leviano e imprudente.

Mussi passou de vítima a réu diante da justiça quando as investigações sobre a suposta invasão a sua residência para matá-lo começaram. O primeiro ponto a ser esclarecido foi o de que Castanheira não invadiu propriedade privada, muito menos cometeu algum tipo de abuso de autoridade. Mussi estava numa briga pessoal com a irmã, uma disputa familiar que envolvia o terreno onde as casas estão construídas. Mussi mora no local, Liliane não. Liliane cedeu o imóvel em regime de comodato a Castanheira e sua família, Mussi quis expulsar o policial. Como não conseguiu, deu ordens para que os porteiros impedissem o policial de entrar em sua casa de qualquer maneira. Um trator chegou a ser usado para derrubar o muro da casa de Castanheira e para trancar a entrada pelo portão de veículos. Castanheira reagiu. A justiça e a corregedoria da Polícia Civil tiveram o mesmo entendimento; não houve crime, era direito de Castanheira retomar a posse de seu imóvel.

Mentira desvendada

Luiz Mussi estava em um beco sem saída. Os processos contra ele passaram a chegar. Castanheira e Liliane Mussi moveram ações criminais por conta das graves acusações feitas à imprensa, à sociedade e nas redes sociais. A história não se sustentava mais. Não havia verdade na suposta trama de morte contra ele.

Temendo ser condenado nas ações criminais, Mussi resolveu assumir que mentiu ao acusar Castanheira de ser um matador contratado por sua própria irmã. Mussi assumiu publicamente, por meio de uma retratação judicial que agiu de forma leviana, irresponsável e impensada. Assumiu que prejudicou a vida e a imagem pessoal e profissional do policial Gabriel Castanheira. Disse, em retratação judicial: “reconheço que minhas afirmações tiveram conteúdo ofensivo à honra do senhor Antonio Gabriel Castanheira”. Na retratação, Mussi ainda afirma que foi motivado por forte emoção e induzido ao erro por opiniões de terceiros, que aceitou de forma leviana e precipitada.

Passados mais de um ano desde o episódio em que mobilizou a imprensa para mentir, Mussi prometeu dar publicidade ao fato. O empresário já não é mais dono da Emissora de Televisão Rede Mercosul, retransmissora da Record News. Entregou a concessão nas mãos de pastores evangélicos e demitiu mais de cinquenta funcionários.

O policial Gabriel Castanheira, que chegou a ser afastado de suas funções, não ficou muito tempo parado. Dois meses após ser acusado falsamente por Mussi, se tornava Secretário Municipal de Segurança Pública de Araucária. Fez um trabalho reconhecidamente eficaz e foi convidado para assumir a pasta da Segurança Pública de Balneário Camboriú. “A vida tem dessas coisas, as vezes a gente passa, não sabe bem porque, mas passa. O que me vale é que a mentira foi desfeita, a verdade prevaleceu e eu acabei tendo novas oportunidades que me levaram a outro patamar. Fica a lição de que nessa vida temos que agir como homens, ter palavra de homem, postura de homem e honra acima de tudo”, concluiu Castanheira.

Clique aqui para ler o original da retratação de Luiz Mussi

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