Enio Verri: Uma nação à deriva e o ódio ao PT e ao Lula

“Corre-se o risco de não haver eleições em 2018”, alerta o deputado federal Enio Verri (PT-PR). Para mídia, segundo o colunista, uma foto do procurador Rodrigo Janot à mesa de um boteco sujo em companhia do advogado do empresário corrupto “é menos importante” que a nação à deriva e o ódio ao PT e ao Lula.

Uma nação à deriva e o ódio ao PT e ao Lula

Enio Verri*

O Brasil está na iminência de ter de volta um regime autoritário civil-militar. Corre-se o risco de não haver eleições em 2018. A proximidade da Procuradoria-Geral da República com um carteado sinistro, em que era jogada a condução de delações e de investigações, revela não apenas o fechamento do roteiro Jucá, mas a instabilidade institucional do País. A nação está entregue à própria sorte, quando os poderes da República estão comprometidos com o golpe que suprimiu as garantias constitucionais.

O feito foi possível graças ao alto nível de despolitização e desagregação da população e ao uso intensivo dos serviços da pior inimiga dos brasileiros, parte da imprensa nativa. Ela é amplamente usada pela elite mais egoísta e truculenta do planeta para esconder o golpe e para detratar o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma poderosa ferramenta para controlar a opinião pública, por meio de informação tendenciosa, compartimentada e estanque.

A República foi implodida, o País é entregue aos interesses dos países centro de poder; os mínimos avanços conquistados nos 13 anos dos governos do Partido dos Trabalhadores são pulverizados, não há um poder a quem reclamar e não há ruas ocupadas. Somente uma sublevação popular pode dar um basta a esse processo golpista, mas, estranhamente, a sociedade consente calada. Ela tem olhos e ouvidos apenas para o PT e o Lula, hiperexpostos negativamente.

Economia

Junte-se à alienação, há um ressentimento constrangido de quem seguiu o pato e bateu panelas. O de se olhar no espelho e ver o tamanho das orelhas que lhes cresceram, por não acreditar que era um golpe de Estado para manter o Brasil como um país periférico, refém dos humores do mercado financeiro internacional. Hoje, nem toda corrupção mostrada em malas, caixas e gravações impele a sociedade a se mobilizar, tomar as ruas e de lá sair somente depois de instalada uma constituinte soberana e cidadã.

O Partido dos Trabalhadores (PT) é detratado pela elite, desde a sua fundação. A partir de 2005, os ataques se tornaram mais constantes e ferozes, com os serviços da imprensa. Desde então, o partido e os seus quadros foram diuturnamente demonizados. A partir de 2014, iniciou-se uma subterrânea e ostensiva campanha para destruir um dos maiores e mais importantes partidos da América Latina, cujos governos estão entre os anos dos maiores avanços sociais, econômicos, tecnológicos e políticos da história do Brasil.

O sinistro trabalho da imprensa golpista incutiu nas pessoas um ódio cego e figadal contra o PT. Elas não assimilam outra informação que não seja algo negativo contra o partido. Em 154 dias, o Jornal Nacional, que dura 30 minutos, dedicou 13 horas de matérias negativas contra Lula, sem apresentar uma única prova. Todas as acusações são baseadas tão somente em delações conseguidas por meio da tortura da prisão.

O trabalho dos grandes veículos de comunicação é fazer com que a população não veja e não se indigne com o que a quadrilha de Temer está fazendo. Desde a instalação da notável camarilha, no Palácio do Planalto, há uma diária avalanche de provas materiais contra os golpistas. Para a opinião pública guiada pela imprensa golpista, os únicos assuntos de interesse são a delação sem provas de Antônio Palocci, contra Lula, e a acusação do PGR, Rodrigo Janot, contra o PT, como célula criminosa.

Mala com R$ 500 mil, mala com R$ 2 milhões, R$ 51 milhões em um apartamento, viagem em avião do empresário corrupto, nada disso vale mais que uma delação premiada sem provas. O golpista decorativo prevaricou ao não dar voz de prisão a Joesley, quando este afirmou ter procuradores e juízes sob controle. O procurador saiu da PGR e foi trabalhar com o empresário. Até o momento, a imprensa e os órgãos de fiscalização e controle não perguntaram ao empresário o nome dos magistrados que ele afirmou ter no bolso.

Diante de holofotes que podem comprometer a existência da operação Lava Jato, Rodrigo Janot desviou a atenção da viciada opinião pública para o PT e o Lula, com uma acusação já feita e desconstruída outas vezes. Para a imprensa, não interessa o conteúdo da acusação contra o ex-presidente, ele é mais digno de veracidade que gravações que explicam muitos processos e uma foto à mesa de um boteco sujo em companhia do advogado do empresário corrupto.

Enfim, detratar Lula e o PT é mais importante que: a estabilidade institucional; as riquezas e as empresas nacionais; condições mínimas de trabalho; o direito de se aposentar; o direito a estudar; ter acesso à moradia, ter submarino nuclear, ter água e luz onde nunca houve, em 500 anos; ter emprego e renda. Até quando a sociedade vai se permitir ser teleguiada por uma imprensa que representa a elite do País?

*Enio Verri é deputado federal pelo PT do Paraná.

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