Delações causam incertezas no futuro político de Beto Richa

Azedou o arroz doce de Beto Richa (PSDB). De uma hora para outra, o governador do Paraná passou a ser alvo delatores descobertos com mão na cumbuca, isto é, metendo as mãos nos cofres públicos. Tal cenário também azeda o futuro político do tucano, que ganha contornos de dramaticidade e de incertezas.

Primeiramente, o Beto Richa tinha sido delatado pelo empreiteiro Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor, que revelou o modus operandi no desvio de recursos da educação para as campanhas eleitorais do tucano e de seus aliados.

O dono da Valor igualmente delatou a participação de Maurício Fanini, ex-diretor da Secretaria de Educação, preso hoje (16) na 3ª fase da Operação Quadro Negro, que seria o operador do esquema que fraudava a construção de escolas no estado. Ele era o “caixa informal” da propina.

O esquema delituoso causou prejuízo de R$ 20 milhões ao erário, segundo o Ministério Público. Desses recursos, R$ 12 milhões teriam abastecido a reeleição de Beto Richa.

O diabo é que agora o próprio Maurício Fanini quer aderir à delação premiada. O ex-diretor da Secretaria da Educação trocou de advogado para acelerar acordo com o Ministério Público.

É bom abrir um parêntese para explicar quem é Fanini na ordem do dia. Era amigo de Beto Richa em viagens para o Caribe e Estados Unidos. Dava presentes caros para o tucano. Era parceiro do governador do PSDB em partidas de tênis no chiquérrimo Graciosa Country. Fecha parêntese.

Economia

Dito isto, falemos das incertezas que as delações causam no futuro político do governador Beto Richa.

Os mundos político e jurídico “esperam” para os próximos dias que o tucano seja afastado “liminarmente” do cargo pela Justiça. A própria Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná, está sendo instigada a se posicionar sobre mais esse escândalo no estado.

Mesmo que sobreviva a este furacão, avalia a frente política, Beto Richa terá seu cacife muito reduzido para disputar o Senado. Se quiser conquistar um foro privilegiado, ou seja, o direito de ser investigado pelo STF, deverá mirar na Câmara.

Para azedar ainda mais o arroz doce do governador Beto Richa, o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa do Paraná, Plauto Miró (DEM), apontado como um dos principais beneficiários do esquema no legislativo, contratou este fim de semana advogado especializadíssimo em delações premiadas. Aliás, Antonio Figueiredo Basto é um dos precursores da delação premiada no país.

Recorde ainda o nobilíssimo leitor que Richa já foi delatado na Operação Publicano, na qual também é réu no STJ, cuja bronca envolve mais de R$ 2 bilhões de prejuízo à Receita Estadual.

O Blog do Esmael registrou em primeira mão, no início de junho de 2015, o escândalo e a consequente queda da cúpula da Educação do Paraná na época.

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