Fachin confirma “tarja preta” em Aécio

O ministro do STF Edson Fachin não deixou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ser “comido” ao arquivar delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Na prática, Fachin protege o presidente nacional do PSDB reafirmando moralmente uma “tarja preta” que semana passada já havia sobreposta ao nome do tucano.

O arquivamento de trechos da delação citando Aécio Neves é mais uma prova cabal de que o judiciário é parcial, partidário e seletivo.

O pedido de arquivamento partiu do procurador-geral da República Rodrigo Janot, que alegou “prescrição a pretensão punitiva estatal” haja vista que os crimes teriam ocorrido entre os anos de 1998 e 2000.

Em gravação de áudio, Machado revelou que Aécio Neves comprou até 50 deputados para eleger-se presidente da Câmara.

O procedimento de Fachin e, consequentemente da Lava Jato, de proteção aos tucanos, já era esperado pela frente política.

Economia

O leitor do Blog do Esmael sabe que Fachin vem sendo “cultivado” pelos tucanos desde que assumiu a cadeira no STF. Em julho de 2015, por exemplo, o magistrado recebeu uma comenda do governador do Paraná Beto Richa (PSDB).

Abaixo, relembre os trechos das gravações que citavam Aécio Neves numa conversa entre o tucano Sérgio Machado e o senador Romero Jucá (PMDB-RR):

MACHADO – A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…

JUCÁ – Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…

MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.

JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].

MACHADO – Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?

JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.

Machado cita Aécio como “primeiro” a ser “comido” e faz uma referência à eleição do então deputado federal Aécio à presidência da Câmara. A eleição ocorreu em fevereiro de 2001, na parte final do governo Fernando Henrique Cardoso e provocou uma feroz disputa entre o PSDB e o PFL.

Partido do vice de FHC, Marco Maciel, o PFL (hoje DEM) queria emplacar Inocêncio Oliveira (PE) e Antonio Carlos Magalhães (BA) nas presidências da Câmara e do Senado, mas acabou derrotado pela articulação do PSDB, que emplacou Aécio na Câmara e Jáder Barbalho (PMDB-PA) no Senado

MACHADO – O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.

JUCÁ – Todos, porra. E vão pegando e vão…

MACHADO – [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.

Em entrevista à rádio CBN, Jucá negou que a referência à eleição de Aécio envolvesse algum esquema de corrupção. Segundo o hoje ministro, Sergio Machado fez uma referência ao “contexto político” daquela época.

“Nós construímos um entendimento pro Jáder ser o presidente do Senado e para o Aécio ser presidente da Câmara”, afirmou Jucá à CBN. Naquele período, Sergio Machado era senador pelo PSDB e liderava o partido na Casa. Seu vice era Romero Jucá.

“O esquema do Aécio”

A segunda citação a Aécio é mais contundente. Machado e Jucá estão aparentemente dialogando sobre as futuras eleições presidenciais e o ministro do Planejamento afirma que nenhum “político tradicional” tem possibilidades de vencer um pleito. Machado, então, diz que “Aécio não tem condição” e pergunta: “Quem não conhece o esquema do Aécio?”

MACHADO – É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…

JUCÁ – Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.

MACHADO – O Aécio, rapaz… O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…

JUCÁ – É, a gente viveu tudo.

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