Presidente do PT ‘afrouxa o sutiã’ e condena acordo com golpistas na Câmara e no Senado

O presidente nacional do PT Rui Falcão, em artigo publicado neste domingo (29), defendeu que o partido deve se aliar a PDT, PC do B, Rede e PSol nas disputas pelas mesas da Câmara e do Senado.

A “afrouxada no sutiã” ocorreu depois da forte reação da militância, nas redes sociais, contrária ao “acordão” com os golpistas que derrubaram Dilma Rousseff.

Com o recuo do PT sinalizado por Rui Falcão, deverá prevalecer a posição dos senadores Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR) pela rejeição do acordo em troca de “boquinhas” no Congresso.

A guinada petista vai deixar o PCdoB em maus lençóis, pois os comunistas já haviam adiantado apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara e aspira “espaço” com Eunício Oliveira (PMDB-CE) no Senado.

Maia e Oliveira são golpistas de “boa” cepa e figuram nas planilhas da Odebrecht como “Botafogo” e “Índio”, respectivamente.

A Câmara realizará eleição para a mesa diretora na próxima quarta-feira, dia 1º de fevereiro, e o Senado na quinta-feira, dia 2.

Economia

Leia a íntegra do artigo de Rui Falcão:

Rui Falcão: na eleição da Câmara, PT deve se aliar a PDT, PC do B, Rede e PSol

Rui Falcão*, via site do PT

O PT está vivendo um clima de Congresso. O 6º Congresso abriu as comportas para o debate de ideias, para a livre expressão das bases, para o florescimento de novas propostas, para o livre curso da luta política, a qual, quando fraterna e leal, vivifica e nos fortalece para militar, na melhor tradição que vimos cultivando nestes 37 anos.

E este clima de Congresso estende-se com maior intensidade e amplitude nas incontáveis manifestações de militantes a respeito da tática que nossas bancadas devem seguir na eleição das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Elas percorreram as redes na Internet — uma comunicação livre que é “a prática mais subversiva de todas” e que empodera seus mensageiros —, mobilizaram presidentes de diretórios, parlamentares, tendências organizadas… Enfim, uma mobilização cujo objetivo é questionar a resolução do Diretório Nacional, aprovada no dia 20 de janeiro último, e que orienta nossas deputadas, deputados, senadoras e senadores a se posicionarem na sucessão da direção das duas Casas.

É verdade que a divergência em torno da melhor tática parlamentar vinha de antes, motivada pela conjuntura inaugurada pelo golpe, razão pela qual a Comissão Executiva e o Diretório Nacional decidiram pautar o tema que, antes do impeachment, era tratado predominantemente no âmbito das Bancadas.

Quando da eleição do novo líder do PT na Câmara — os deputados Carlos Zarattini, para este ano, e Paulo Pimenta, para 2018 — a Bancada acordou que o grupo Muda PT indicaria o cargo na Mesa que coubesse ao PT. Foi então constituída uma comissão de 12 parlamentares, coordenada pelo líder, incumbida de dialogar com os pretendentes à Presidência, apresentar nossos pleitos legítimos e buscar assegurar, na condição de segunda maior Bancada, a proporcionalidade na Mesa e a participação em comissões importantes.

Antes de chegar à reunião do DN, os membros da comissão dialogaram com o presidente Lula, informaram e posicionaram-se perante a CEN e, finalmente, no DN.

A Resolução do DN, vale lembrar, afirma claramente: “as Bancadas do PT, que não aceitam, não transigem e não reconhecem o governo golpista nem qualquer outro que não seja legitimado pelo voto popular, continuarão atuando, em conjunto com outros partidos e parlamentares, em oposição a todas as propostas regressivas do Executivo e seus aliados”.

Além disso, reitera nossa disposição de nos opormos ao governo usurpador e a todos os projetos antipopulares, antinacionais e de supressão de direitos, dentro e fora do Congresso Nacional.

Entretanto, é verdade que não há vetos, no documento aprovado, ao prosseguimento das conversações que vinham se realizando pelas Bancadas, com todos os postulantes à direção das Casas congressuais. Eis aí o foco principal da divergência que, a nosso ver, provocou o movimento de contestação e de pressão sobre as Bancadas, a quem competirá a decisão final, por consenso ou maioria.

Não há tempo de promover, agora, uma consulta a toda a militância petista e a nossos milhares de simpatizantes para aferir maiorias ou minorias, tal como ocorreu nos episódios do Colégio Eleitoral e do plebiscito de 1993.

O fato é que o protesto tem audiência, repercussão e deve ser ouvido pelos parlamentares.

Por isso, e por entender que a resolução do DN também prevê esta alternativa, minha opinião pessoal é que nos unamos aos parlamentares da oposição (PDT, PC do B, Rede e Psol) num bloco a ser encabeçado (a) por alguém deste campo.

E que o voto das nossas Bancadas se paute pelos compromissos enunciados pelo PT, expressando publicamente, de forma unitária e transparente, a razão da escolha.

Tenho convicção de que, desse modo, o entusiasmo da militância se propagará em todas as frentes de luta: na defesa do companheiro Lula e de sua futura candidatura a presidente; no enfrentamento da malsinada reforma da Previdência; no combate à regressiva reforma trabalhista; na luta pela antecipação das eleições diretas; e, não menos importante, na sua inestimável contribuição ao sucesso do 6º Congresso do PT.

*Rui Falcão presidente nacional do PT.

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