O deputado Enio Verri (PT-PR), em sua coluna desta terça (1º), afirma que a derrota do clã do ministro da Saúde Ricardo Barros (PP) foi fruto dos “ventos da mudança” em Maringá (PR). Para ele, a vitória de Ulisses Maia (PDT) também significou um basta na velha política tradicional e de coronelismo.
Ventos de mudança!
Enio Verri*
Decorrente do descontentamento com a crise da política tradicional, o segundo turno das eleições municipais se fecha com a renovação e um número expressivo de não comparecimento dos eleitores, votos nulos e brancos em grandes capitais.
Num recado bem claro, os eleitores não só manifestaram todo seu desejo de mudança, como, ainda, desinteresse e desconfiança na capacidade de muitos candidatos em representar a população. Em Porto Alegre (RS), pouco mais de 44% dos aptos a votar não compareceram ou optaram por nulo ou branco, nas urnas. Já em Curitiba (PR), esse número alcançou 35%.
Resultado de um ciclo renovador, alianças, partidos e até clãs políticos autointitulados imbatíveis sofreram reveses acachapantes. Uma renovação maior e mais progressista ocorreu no ano 2000, quando o Partido dos Trabalhadores (PT) e outros partidos de esquerda consolidaram o protagonismo que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva o Presidente da República com melhor avaliação, até hoje.
No Paraná, figuras e sobrenomes tradicionais retornaram às cadeiras de prefeito, como Rafael Greca (PMN) e Marcelo Belinati (PP), em Curitiba e Londrina, respectivamente. Já em Maringá, com uma rejeição expressiva de quase 60%, a dinastia Barros, encabeçada pelo ex-prefeito Silvio Barros (PP), se encerra após 12 anos no comando da política do município.
Os Barros, sua vice, Akemi Nhishimori (PR), esposa do deputado federal Luiz Nishimori (PR), e a coligação formada pelo PP, PR, PSDB, PRB, PMDB, PHS, PTB, PPS, PTC, PRTB, PMN, PSDC, PSL, SD E PRP foram derrotados por Ulisses Maia (PDT).
Formado pelo Ministro da Saúde, Ricardo Barros, pela vice-governadora Cida Borghetti e pela deputada estadual Maria Vitória, todos do Partido Progressista, o clã sofreu uma derrota com real ameaça ao desejo de conquistar o Governo do Estado, em 2018, por meio da matriarca. O resultado não é apenas um grave sinal de alerta às pretensões eleitorais de Cida, mas revela os novos ventos que arejam Maringá.
Considerado imbatível pelos aliados e os 500 cargos de confiança da Prefeitura, Silvio Barros termina a eleição sob a rejeição à família que não percebeu que o maringaense quer mais do que aplicativos digitais, além de não aceitar baixarias eleitorais. Nem mesmo os ataques ao Partido dos Trabalhadores e ao prefeito eleito foram favoráveis à sua candidatura, que angariou apenas cinco mil votos, em relação ao primeiro turno.
Maringá é um dos municípios que mais receberam investimentos dos governos Lula e Dilma. A gestão pepista conclui o mandato com grandes obras e aparência de grande metrópole. Porém, a perfumaria de concreto não foi suficiente para esconder denúncias, ausência de diálogo, pressão e perseguição a servidores públicos, precarização de serviços públicos. Os Barros não compreenderam a necessidade de uma cidade mais humana, social e feita para os maringaenses.
Maringá começa a semana dando um basta na velha política tradicional e de coronelismo, preservada pelos Barros. Um basta que traz esperança de uma Maringá com mais democracia, diálogo, vagas nos centros de educação infantil, consultas especializadas, valorização do servidos público, modernidade e qualidade no transporte coletivo, entre tantos outros anseios daqueles que escolheram um novo prefeito.
*Enio Verri é deputado federal, presidente do PT do Paraná e professor licenciado do departamento de Economia da Universidade Estadual do Paraná. Escreve nas terças sobre poder e socialismo.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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