Gilmar Mendes, presidente do TSE, representa o atraso e tudo que não presta numa eleição

gilmar_bernardiO vereador curitibano Jorge Bernardi (REDE), em sua coluna deste sábado (30), discorre sobre o nascimento das vilas e cidades, bem como o surgimento das eleições de vereadores e prefeitos no país por volta de 1532.

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O articulista lembra que este pleito será o primeiro sem financiamento privado, ou seja, em a interferência do poder econômico.

Bernardi diz estranhar a posição do presidente do TSE, Gilmar Mendes, que defende o velho esquema de financiamento.

“Ele continua defendendo a velha política com o financiamento empresarial nas campanhas”, denuncia o colunista.

“Aparentemente ele quer voltar ao tempo em que nas eleições prevalecia, acima de tudo o poder do dinheiro, da corrupção e da imoralidade. Voltar atrás nunca mais”.

Economia

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Eleições municipais, a força do dinheiro e o presidente do TSE

Jorge Bernardi*

A cerca de 60 dias das eleições municipais, o clima para as eleições municipais ainda está morno em todo o Brasil. Ao cidadão comum, a eleição de prefeitos e vereadores será um momento cívico especial, já que as autoridades constituídas mais próximas da população são as municipais.

Os vereadores estão sendo escolhidos pelo desde 1532, quando Martim Afonso de Souza, fundou a primeira vila, São Vicente, no litoral paulista. Durante todo o período colonial e boa parte do Império, vilas e cidades foram administradas pelas Câmaras que, além de vereadores, tinham em sua composição juízes, escrivães e almotaceis, estes últimos uma espécie de fiscais de pesos e medidas.

O prefeito é bem mais recente. A primeira província a adotar foi São Paulo em 1835. A fórmula desenvolvida pelos paulistas deu tão certo que o Regente Feijó sugeriu que outras províncias também passassem a ter seus prefeitos municipais.

Alguns analistas apontam a desmotivação para as eleições deste ano está na profunda recessão que o Brasil passa há dois anos com mais de 11 milhões de desempregados; outros atribuem à corrupção generalizada que tomou conta das instituições públicas e que, dia a dia, estão sendo reveladas em operações da Policia Federal que atingem a todos os níveis da administração.

O fato é que, em 2016, haverá a primeira eleição no Brasil onde legalmente foi banido o poder econômico com a proibição de que empresas privadas façam doações. Será uma experiência eleitoral inédita no Brasil. Na teoria todos poderão disputar as eleições sem ter de enfrentar a força do dinheiro que sempre vigorou.

Nas cidades de maior porte, onde há emissoras de rádio e televisão, os partidos maiores, levam vantagem no tempo do horário eleitoral. Quem tem mais tempo de televisão poderá expor melhor suas propostas ao eleitorado.

Infelizmente este momento único da política brasileira, esperado por tantos e por tanto tempo, onde o poder econômico não será mais o principal protagonista das eleições, tem sido criticado ferozmente pelo presidente do TSE, Gilmar Mendes. Ele continua defendendo a velha política com o financiamento empresarial nas campanhas.

Partindo do magistrado que deveria ser o primeiro a defender a lei, soa estranho. Aparentemente ele quer voltar ao tempo em que nas eleições prevalecia, acima de tudo o poder do dinheiro, da corrupção e da imoralidade. Voltar atrás nunca mais.

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (REDE), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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