Requião Filho: “Foi Beto Richa quem contratou a Sogra Fantasma”

requiao_richaO deputado Requião Filho (PMDB), em sua coluna desta quinta (19), fala que o espectro da “Sogra Fantasma” volta a assombrar o Centro Cívico, em geral, e o governador Beto Richa (PSDB), em específico, pois se trata da sogra de seu ex-chefe de gabinete e atual secretário de Estado, Ezequias Moreira, ameaçado de prisão por peculato. Segundo o colunista, não faz sentido punir o “Homem da Sogra” haja vista que quem manda no gabinete do deputado é o próprio deputado, mais ninguém. Requião Filho questiona se o tucano não era capaz de zelar pelo próprio gabinete, quando era parlamentar entre 1997 e 2000, e alerta: o governador é o mesmo daquela época que mantinha funcionários fantasmas. Abaixo, leia, ouça, comente e compartilhe o texto na íntegra:

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Beto Richa, Ezequias e a Sogra Fantasma

Quem manda no gabinete é o Deputado!

Requião Filho*

O caso da “Sogra Fantasma” novamente ganhou os holofotes esta semana ao ser divulgado pela imprensa que o Ministério Público do Estado do Paraná, teria se posicionado pela prisão, em regime fechado, do então chefe de gabinete de Beto Richa na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná.

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Embora o citado parecer tenha sido desentranhado dos autos, a notícia de que finalmente se aproxima o julgamento do assessor de Beto Richa é um alento para a sociedade, que clama pela punição de todos aqueles que atentam contra a Administração Pública.

Interessante é que, quando se fala no caso da “Sogra Fantasma”, lembra-se que o atual secretário do Governo nomeou sua sogra para engordar seu próprio salário, mas muito pouco se fala que é o deputado Beto Richa o responsável pelas contratações de seu gabinete. Os funcionários do gabinete são de confiança do deputado e não do chefe de gabinete.

Assim, é certo que tanto a contratação de Ezequias Moreira na chefia de gabinete, como a contratação da “sogra” foi feita pelo então deputado Beto Richa, que segue impune, premiando seu antigo e leal assessor com cargos importantes e benesses jurídicas.

Quanto às premiações concedidas ao assessor, que sempre assumiu o pecado sozinho, mesmo correndo sério risco de passar longo período em penitenciária estadual, a lógica do atual governador é a de que se deve punir o pecado e não o pecador, muito provavelmente porque, neste caso, o pecador está assumindo integralmente o pecado cometido a quatro mãos.

Na minha humilde opinião, presenciamos, neste caso, a lealdade incondicional de um assessor, que, prestes a perder sua liberdade, continua assumindo todas as culpas sozinho.

Ezequias Moreira, réu confesso do crime de peculato, sempre ocupou altos cargos nas administrações do PSDB e, quando, em vias de ser julgado pelo Juiz de primeiro grau, no ano de 2013, foi elevado ao cargo de Secretário de Estado do atual governo, recebendo como grande prêmio de consolação o almejado foro privilegiado e, convenientemente, o adiamento de seu julgamento.

Há aqui um conflito de posicionamento, quiçá um problema de visão: quem era de fato o responsável pelas contratações de funcionários no gabinete de Beto Richa?

Deixo a reflexão para meus leitores, mas também a informação de que assinei todas as nomeações dos funcionários que atuam no meu gabinete.

As conclusões sobre as responsabilidades cabem a cada um, mas não podemos fechar os olhos para a hipocrisia que envolve o presente caso, que além de distorcer a realidade do funcionamento das nomeações dentro da Assembleia Legislativa, confere foro privilegiado ao réu confesso, Ezequias Moreira.

Se Ezequias assume o erro para proteger alguém, ou se de fato algum erro cometeu, nada retira a constatação de que Beto Richa, enquanto deputado estadual, não era capaz de administrar nem o próprio gabinete.

Assim senhores, chegamos a mais uma triste conclusão: o governador do estado do Paraná é aquele mesmo deputado que sequer controlava seu gabinete ou nele mantinha funcionários fantasmas.

*Requião Filho é advogado, deputado estadual pelo PMDB e líder da oposição na Assembleia Legislativa do Paraná, especialista em políticas públicas.

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