“Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel”, ouça trechos do áudio de Jucá

juca_audiosO jornal Folha de S. Paulo divulgou na tarde desta segunda (23) trechos de conversas gravadas entre o ministro interino do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nos quais eles tramam a queda da presidente eleita Dilma Rousseff (PT).

[Jucá foi defenestrado hoje à tarde pelo governo interino de Michel Temer (PMDB].

“Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel“, diz Machado, num trecho do áudio, que obtém o consentimento de Jucá: “[concordando] Só o Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra”.

Machado afirma que seria um acordo nacional para botar Temer e, aí, segundo ele, “parava tudo” na Lava Jato.

O ministro interino concorda novamente com a intervenção do colega ao revelar a existência de um acordo com os ministros do STF: “Com o Supremo, com tudo” para delimitar, isto é, deixar as investigações paradas no âmbito do PT.

No diálogo de ambos — Jucá e Machado — comentam a pesquisa em que o juiz Sérgio Moro aparece com 18% das intenções de voto para a Presidência. Eles dizem que “Aécio não ganha porra nenhuma”.

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“O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”, conta Machado, que foi filiado no PSDB.

Jucá confirma: “É, a gente viveu tudo”.

Abaixo, leia a transcrição dos áudios:

Jucá – Eu acho que você deveria procurar o Sarney, devia procurar o Renan,e a gente voltar a conversar depois. [incompreensível] ‘como é que é’.

Machado – É porque… Se descer, Romero, não dá.

Jucá – Não é um desastre porque não tem nada a ver. Mas é um desgaste, porque você, pô, vai ficar exposto de uma forma sem necessidade. […]

Machado – O Marcelo, o dono do Brasil, está preso há um ano. Sacanagem com Marcelo, rapaz, nunca vi coisa igual. Sacanagem com aquele André Esteves, nunca vi coisa igual.

Jucá – Rapaz… [concordando]

Machado – Outra coisa. A frouxidão de vocês em prender o Delcídio foi um negócio inacreditável. [O Senado concordou com prisão decretada pelo STF]

Jucá – Sim, pô, não adianta soltar o Delcidio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dentro do plenário?

Machado – Mas o cara não foi preso em flagrante, tem que respeitar a lei. Respeito à lei, a lei diz clara…

Jucá – Pô, pois então. Ali não teve jeito não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o Rui, a imprensa toda, os caras não seguraram, não.

Machado – Eu sei disso, foi uma cagada.

Jucá – Foi uma cagada geral.

Machado – Foi uma cagada geral. Foi uma cagada o Supremo fazer o que fez com o negócio de prender em segunda instância, isso é absurdo total que não que não dá interpretar, e ninguém fez nada. Ninguém fez ADIN, ninguém se questionou. Isso aí é para precipitar as delações. Romero, esquentou as delações, não escapa pedra…

Jucá – [incompreensível] no Brasil.

Machado – Não escapa pedra sobre pedra.
[incompreensível]

Machado – Eu estou com todos os certificados do TCU, agora me deram, não devo nada, zero. E isso adianta alguma coisa? Então estou preocupado.

Jucá – Não, tem que cuidar mesmo.

Machado – Eu estou preocupado porque estou vendo que esse negócio da filha do Eduardo, da mulher, foi uma advertência para mim. E das histórias que estou sabendo, o interesse é pegar vocês. Nós. E o Renan, sobretudo.

Jucá – Não, o alvo na fila é o Renan. Depois do Eduardo Cunha… É o Eduardo Cunha, a Dilma, e depois é o Renan.

Machado – E ele [Janot] não tem nada. Se ele tivesse alguma coisa, ele ia me manter aqui em cima, para poder me forçar aqui em cima, porque ele não vai dar esse troféu pro Moro. Como ele não tem nada, ele quer ver se o Moro arranca…

Jucá -…para subir de novo.

Machado -…para poder subir de novo. É esse o esquema. Agora, como fazer? Porque arranjar uma imunidade não tem como, não tem como. A gente tem que ter a saída porque é um perigo. E essa porra… A solução institucional demora ainda algum tempo, não acha?

Jucá – Tem que demorar três ou quatro meses no máximo. O país não aguenta mais do que isso, não.

Machado – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.

Jucá – [concordando] Só o Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.

Machado – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

Jucá – Com o Supremo, com tudo.

Machado – Com tudo, aí parava tudo.

Jucá – É. Delimitava onde está, pronto.

Machado – Parava tudo. Ou faz isso… Você viu a pesquisa de ontem que deu o Moro com 18% para a Presidência da República?

Jucá – Não vi, não. O Moro?

Machado – É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…

Jucá – Não, esquece. Nenhum político desse tradicional não ganha eleição, não.

Machado – O Aécio, rapaz… O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…

Jucá – É, a gente viveu tudo.

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