Não passou batido ontem (9) a volta do presidente “afastado” da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como voz “sensata” na velha mídia reprovando o sucessor Waldir Maranhão (PP-MA) que anulou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Cunha disse que a decisão do colega era “absurda, irresponsável, antirregimental e feita à revelia do corpo técnico”.
O diabo é que 72 horas antes, a mesma velha mídia golpista reverberara o voto do ministro Teori Zavascki, do STF, que aponta o mesmo Cunha como bandido, chantagista, vigarista, que se utilizou do cargo de presidente da Câmara para atrapalhar as investigações da Lava Jato.
O corre-corre dos golpistas tinha como objetivo desqualificar Maranhão em virtude da invalidação das sessões da Câmara nos dias 15, 16 e 17 de abril que culminaram com a votação do impeachment e, consequentemente, anulação do processo que chegou ao Senado.
O “retorno” de Cunha aos holofotes como agente do equilíbrio prova o tamanho da hipocrisia da velha mídia golpista. Antes, porém, o presidente “afastado” havia se reunido secretamente com a Globo.
Coloquei a palavra “afastado” sob aspas porque a situação, guardadas as proporções, lembra muito a do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que também utiliza esses adjetivos de “distância” quando é pego em sacanagens.
Por exemplo, o primo do tucano, o lobista Luiz Abi Antoun, foi preso por corrupção na Receita Estadual e por fraude em licitações no governo do estado. Logo, para a mídia amestrada, o parente tornou-se “primo distante” de Richa.
Beto Richa também age assim diante da nomeação de um “tio distante” para a Secretaria de Comunicação como se fosse possível driblar moralmente o nepotismo.
Retomo o caso Cunha. Ele vem aí, logo após a votação do impeachment com a anuência da velha mídia golpista. Seu “afastamento” tem o objetivo de “higienizar” o golpe. É, portanto, uma espécie de quarentena imposta pelo Supremo para legitimar tudo que aí está em curso.
Resumo da ópera: o marqueteiro é o mesmo.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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