A mulher no nepotismo político

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“A família estando bem, o estado vai bem, pelo menos é o que pensam os que nos governam”, diz o vereador Jorge Bernardi (REDE) em sua coluna semanal. Ele analisa o papel da mulher na prática de empregar parentes em cargos públicos, citando exemplos bem recentes, como a esposa do governador; a esposa e a irmã do prefeito da Capital. Leia e ouça a seguir.

A mulher no nepotismo político paranaense

Jorge Bernardi*

“Sem mulheres não há nepotismo”, explica o sociólogo e professor Ricardo Costa de Oliveira. Ele demonstra, ao contrário do que diz o velho proverbio machista e preconceituoso de que, atrás de um grande homem há uma grande mulher, na verdade as mulheres, na política paranaense, estão em todos os lados de um emergente talento político.

O Paraná talvez seja um dos estados brasileiros onde é mais visível o nepotismo. Mas afinal o que é o nepotismo? Diz-se que o nepote é o sobrinho preferido do Papa, protegido dele. Neste sentido é o favorecimento dos parentes e amigos nos cargos públicos. E isto vem de longe no estado, desde o período do Império, quando os arranjos de família dominavam a política paranaense.

Economia

Isto pouco mudou no século 21. Na prefeitura de Curitiba a irmã do Prefeito Gustavo Fruet e a mulher comandam áreas estratégicas: Eleonora, a irmã, Secretaria de Finanças, e Marcia, a esposa, na Fundação de Ação Social. No governo estadual, a primeira dama, Fernanda Richa dirige a Secretaria do Trabalho e Promoção Social, e o irmão, Pepe Richa comanda Secretaria de Infraestrutura e Logística.

Mas isto não é privilégio dos Fruet ou dos Richa, já acontecia nos tempos dos Alves de Camargo, Munhoz da Rocha, Melo e Silva e etc. Sempre há um parente capacitado para ocupar um alto cargo público, uma secretaria, uma empresa de economia mista. As áreas em que atuam são intocáveis, verdadeiros feudos. Agem como rainhas e príncipes dos tempos do absolutismo.

Na Câmara de Curitiba, por exemplo, um terço das 20 vereadoras que ocuparam aquele legislativo em mais de 300 anos, tinham ou tem parentes na política. Parece pouco mais é muito se observarmos que isto aconteceu com maior frequência nos últimos 20 anos.

Numa volumosa pesquisa de quase 600 páginas, coordenada por Ricardo Costa de Oliveira, o Núcleo de Pesquisa Paranaense, NEP, estará lançando, nas próximas semanas, o livro “Nepotismo Parentesco e Mulheres”. Nesta obra o nepotismo é analisado sob a ótica das famílias e da participação feminina.

Enquanto o patrimonialismo for o referencial teórico de nossos governantes, as questões familiares vão se sobrepor a todos os demais interesses públicos. O que importa mesmo, no fundo, é a família. A família estando bem, o estado vai bem, pelo menos é o que pensam os que nos governam. Mas não todas as famílias, apenas as famílias deles.

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (REDE), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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