Polícia das Maldivas detém 16 jornalistas que pediam liberdade de expressão

A polícia das Maldivas [complexo formado por cerca de 1.200 ilhas no Oceano Índico] deteve neste domingo (3) 16 jornalistas ao intervir para desmobilizar uma manifestação contra a alegada falta de liberdade de expressão no país, segundo relatos da imprensa privada local, citados pela AFP. Os policiais usaram gás de pimenta e detiveram os jornalistas que protestavam contra o presidente Abdulla Yameen, em manifestação na capital, Malé.

Os manifestantes pediam que o governo revogasse a nova legislação criminal sobre difamação, por temerem que tais normas sejam utilizadas contra a imprensa privada e os opositores do regime. Eles reivindicavam ainda que as autoridades investiguem o desaparecimento de um repórter em circunstâncias misteriosas e contestavam uma decisão judicial de fechar um jornal com base em uma disputa entre os proprietários da publicação.

“Os últimos protestos seguem-se a uma série de movimentações do governo e do sistema judiciário para restringir a liberdade de imprensa e de expressão”, disse um jornalista do Haveeru, sob anonimato, à AFP, informando que seis de seus colegas estão entre os detidos.

O Maldives Independent anunciou que cinco dos seus jornalistas foram detidos, tendo três deles sido atingidos a curta distância por gás de pimenta, o que os levou a ser internados em hospitais. Uma televisão privada indicou também que cinco jornalistas da estação foram detidos pela polícia.

O Estado controla a maioria das estações de rádio e televisão, mas não os jornais, não havendo até ao momento qualquer comentário das autoridades policiais.

Economia

Líderes de países ocidentais têm manifestado preocupação com questões ligadas à liberdade de expressão no arquipélago, que acolheu 340 muçulmanos sunitas.

Muitos dos opositores políticos foram presos ou forçados ao exílio pelo governo de Yameen, o qual enfrenta um crescente criticismo pela perseguição aos dissidentes políticos.

A agitação política tem crescido desde que, há quatro anos, foi afastado o primeiro líder eleito democraticamente, Mohamed Nasheed, em uma operação que o próprio entendeu ter sido um golpe. Nasheed, cuja condenação e detenção posterior foram duramente criticadas por se tratar de alegada perseguição política, encontra-se atualmente no Reino Unido, em tratamento médico.

Apesar da instabilidade política, as Maldivas – nação com 1.192 ilhas de coral – continuam com a imagem de paraíso escolhido por turistas de todo o mundo e casais em lua-de-mel que buscam a paz nas águas calmas e transparente do Índico.

Fonte: Agência Brasil