Debate sobre gênero: Professor e vereadores em rota de colisão

O debate sobre a abordagem da ideologia de gênero nas escolas segue no campo da intolerância em Cascavel. Hoje (4) a fala de enfrentamento do professor da rede estadual, Jeferson Kaibers na Câmara Municipal despertou a “ira” de alguns vereadores. Romulo Quintino (PSL) e Jorge Bocasanta (Pros) rebateram as críticas. Tudo diante de aproximadamente 100 alunos do Ceep (Centro de Estadual de Ensino Profissionalizante) que acompanhavam a sessão.

Romulo mirou uma artilharia pesada contra o educador prometendo levar o caso à Assembleia Legislativa. Já outro parlamentar, Aldonir Cabral segundo pessoas que estavam na sessão, preferiu chamá-lo de covarde, como é possível ouvir na gravação oficial feita pela Casa.

Durante os seis minutos em que Kaibers usou a Tribuna do Povo ele fez duras críticas aos vereadores pelo posicionamento contrário ao esclarecimento no ambiente escolar sobre as questões de gênero.

 

 

“Percebemos a falta de esclarecimento de alguns vereadores quanto a competência das leis nesse país. Verificamos através de uma pesquisa escolar que muitos vereadores nem conhecem a LDB [Lei de Diretrizes e Bases”, disse Kaibers.

Ele expôs que a LDB garante o debate de gênero nas escolas e a necessidade de afastar o assunto do viés religioso. O professor defendeu vereador não pode interferir nas propostas pedagógicas.

Economia

“O professor é quem elabora a proposta pedagógica junto com o estabelecimento de ensino, e não a Câmara de Vereadores. A escola é ambiente democrático por excelência. É na escola que democracia começa. Trouxemos nossos alunos hoje porque estamos ensinando cidadania”.

Tanto quanto a fala, o que mais irritou os parlamentares foi o fato de Kaibers ter saído do auditório antes de ouvi-los. Nesse contexto, que Cabral – que pouco fala – chamou o professor de “covarde”.

De todas as respostas dos parlamentares, destacam-se a de Bocasanta e Romulo.

“O lugar de discutir a democracia é aqui [na Câmara] e não na escola. Sempre fui a favor dos debates de gênero mas os professores deveriam é estar mais preocupados em ver se os alunos da escola estão passando no vestibular. Ele não pode vir aqui falar merda”, disse Bocasanta, nesses termos.

Romulo Quintino foi mais incisivo. Evangélico, ele sempre se posicionou em defesa da chamada família tradicional. Sobraram críticas ao professor e Romulo prometeu “caça as bruxas”.

“Mais uma infeliz manifestação, para tristeza não só dos vereadores, de um desqualificado cidadão que trabalha no ensino. Iremos encaminhar pedindo da liberação, da segurança para eles alunos terem vindo para cá e autorização dos pais. Ele veio, falou o que quis, colocou a mochila nas costas e foi embora”.

Veja no vídeo:

O vereador promete também acionar as bancadas religiosas na Assembleia Legislativa, disse que os alunos presentes foram usados de massa de manobra e questionou a lógica educacional de alunos de cursos técnicos estarem em uma sessão na Casa.

“Tenho certeza que deputados vão tomar uma posição sobre o que aconteceu aqui. Que justificativa tem um aluno do curso de Informática, Administração, Meio Ambiente, trazidos para ouvi-lo falar o que ele faz com a sua vida”.

Guerra jurídica

A polêmica deve continuar. Romulo Quintino leu em plenário algumas mensagens que recebeu no Whatsapp com críticas ao professor. O parlamentar até ofereceu assessoria aos pais que tenham interesse em questionar Kaibers juridicamente. Quintino também reproduziu em seu perfil no Facebook mais críticas a Jefferson Kaibers.

O educador também se movimenta para acionar a Justiça contra Romulo Quintino e Aldonir Cabral.

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Fonte: Laís Lainy

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