“Abram os portões para a Educação”

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O dia 29 de abril de 2015 ficou marcado na história de Curitiba como o primeiro bombardeio que a cidade sofreu, com bombas sendo lançadas de helicópteros contra os professores. Foi um dia triste que agora completará um ano e está sendo relembrado para que não se repita. Parte desta memória está na coluna do ex-prefeito Rafael Greca (PMN). Greca lembra também de outra data triste para a Educação, o 30 de agosto de 1988. Na época ele era deputado estadual e abriu os portões da Assembleia para acolher feridos. Leia e ouça a seguir. 

Abram os portões para a Educação

Rafael Greca*

Dia 29 de abril é triste memória para a Cidade de Curitiba desde o ano passado.

Quando nossa Cidade sofreu o seu primeiro bombardeio. Não tinha sido bombardeada na Revolução Federalista de 1894, quando do embate entre pica-paus e maragatos; tampouco na de 1930, quando Getúlio Vargas entrou aqui pacificamente; nem mesmo na Revolução de 1964, que a História chamou de Golpe Militar no Brasil.

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Nossa Curitiba, no ano passado, foi bombardeada na região do Centro Cívico, na repressão ao movimento reivindicatório de professores, educadores, funcionários públicos estaduais, ativistas de movimentos populares.

Há também triste memória deste dia pela luta necessária aos profissionais de Educação para serem valorizados naquilo que é dever de Estado.

Dever constitucional dos governantes, com necessária atenção às todas as boas condições de ensino e boas condições de valorização de professores e alunos.

Já participei de muitas outras passeatas anteriores ao fatídico 29 de abril, aquelas que relembraram o 30 de agosto de 1988.

Isto porque eu, então jovem deputado estadual do Paraná, também já abri as portas da Assembleia Legislativa para a Educação.

Naquele 30 de agosto de 1988 eu abri as portas da Assembléia Legislativa do Paraná para a Educação. No desespero de salvar a vida de pessoas feridas por bombas de estilhaço, na repressão ordenada pelo governador da época.

Comigo estava a professora Nelci Fritzen, que depois encaminhei ao serviço médico do Hospital Nossa Senhora das Graças. Disto dá testemunho a então presidente da APP Sindicato, professora Izolde Andreatta.

Naquele 30 de agosto de 1988 pude abrir os portões para a Educação. Entrei na luta desarmado. Minha única arma era a dignidade do meu mandato de deputado estadual, que me foi conferido pelo povo do Paraná.

Que o meu gesto se repita, amanhã e sempre, na consciência de todos os paranaenses.

Que o Paraná, o Brasil, e a nossa amada Curitiba, abram os portões para a Educação.

Abram os portões para a Educação !

P. S. : Tendência não é destino. O debate político precisa elevar seu nível. Nosso companheiro Sêneca já ensinou: “O desaforo é a ausência do argumento. O desaforo é a derrota confessada”.

O Brasil não pode ser dividido entre os que surram e os que cospem.

*Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, é engenheiro. Escreve às quartas-feiras no Blog do Esmael sobre “Inteligência Urbana”.

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