1° de maio; dia do Trabalhador ou do desempregado?

Com a chegada do 1° de maio, dia do Trabalhador, o que chama a atenção é a alta do desemprego por todo o país; alimentado pela crise econômica mundial e pela crise política nacional. Quase todos perdem, menos os especuladores do mercado financeiro. Leia e ouça os detalhes na coluna do deputado federal Marcelo Belinati (PP) a seguir. 

Dia do Trabalhador (01/05/2016). Infelizmente quase que poderia ser considerado o dia do desemprego!

Marcelo Belinati*

Domingo, 1º de maio — Dia do Trabalho —, mas que infelizmente nesse ano quase que poderia ser considerado o dia do desemprego, tamanho o número de empresas que estão fechando deixando milhões de brasileiros desempregados.

A impressão que tenho é que se a classe política não atrapalhasse ninguém seguraria nosso país. Não precisaria nem ajudar, não atrapalhando já estaria bom.

Por isso entendo que precisamos refletir sobre a grave crise econômica atual que tem íntima relação com o agravamento do cenário político que assolou o Brasil.

Economia

Sofrem os trabalhadores, o funcionário público, o aposentado, a dona de casa, os comerciantes, a indústria, o setor de serviços e agropecuário. Todo mundo perde com o cenário atual do país.

Ou melhor! Quase todo mundo perde com isso…

Desajuste da economia? A quem interessa? A resposta é simples: ganham os especuladores do setor financeiro, os bancos e outros similares e afins.

Inflação, juros estratosféricos (nesta semana o Banco Central manteve a taxa de juros – Selic – em 14,25% ao ano, a maior em uma década), fechamento de milhares de fábricas e lojas do comércio, queda na renda, no poder de compra dos trabalhadores e o crescente desemprego travando todos os setores produtivos.

Como a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, os mais prejudicados são os trabalhadores, os pequenos produtores rurais ou industriais e comerciantes, que estão vendo sua renda diminuir.

O desespero é visível no rosto daqueles que perdem seus empregos ou que estão em busca de um posto de trabalho.

O Brasil teve a maior perda de vagas formais de trabalho em 25 anos, segundo dados divulgados no dia 22 de abril pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

No mês passado o país fechou 118.776 postos de trabalho com carteira assinada. Nos últimos 12 meses já foram suprimidas 1.853.076 vagas formais.

A crise é nacional, mas num país de dimensões continentais como o nosso, ela é sentida de diferentes maneiras de acordo com os fatores locais. Algumas cidades sentem mais, outras menos, dependendo da política de desenvolvimento do município.

Em Londrina, onde nenhuma grande empresa não se instala há anos, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que nos últimos anos o município perdeu 7,74% das vagas na indústria. Para que se tenha uma ideia, o número de postos de trabalho da cidade em 2016 no setor industrial é menor do que no ano de 2009.

Somente no mês de março foram 263 vagas a menos na indústria e déficit de 370 no setor de serviços em Londrina, segundo dados do Caged.

Construí minha história profissional trabalhando como médico dos hospitais, do SAMU e INSS, da SOS Unimed. Sempre trabalhei em torno de 70 horas semanais. Costumo falar que sou médico “chão de fábrica”, que é como nós profissionais da saúde costumamos chamar o médico que põe a mão na massa.

Isso, além da formação pessoal formatada com a educação que minha mãe me deu, me confere a sensibilidade para entender que, para construirmos um país melhor, se faz necessário que os trabalhadores sejam alçados à condição de pedras fundamentais da sociedade, como ocorre em quase todas as grandes nações do mundo.

Tenho trabalhado com determinação no Congresso Nacional para impedir as inúmeras tentativas de retirar direitos dos trabalhadores brasileiros. E tenham certeza que vou continuar a fazer isso, independente de quem esteja no governo.

O que me choca é que sempre quando os governos vivenciam crises, a alternativa que os áulicos do poder encontram para superá-las, passa pela retirada de direitos trabalhistas, cortes de benefícios sociais e outras medidas que atingem em cheio nossa população.

Sou contra esse tipo de medida e não fico em cima do muro, entendo que não é essa a alternativa para solucionar os problemas.

Porque ao invés de retirar direitos dos trabalhadores ou aumentar impostos os governos não mexem com o setor financeiro, com as grandes fortunas, com os banqueiros?

Porque não enxugam a máquina pública, diminuem os cargos em comissão de indicação política e fecham as torneiras da corrupção e ineficiência administrativa?

É exatamente esse modelo que defendo. Preserve-se os direitos dos trabalhadores, criem-se condições necessárias para que o setor produtivo possa se aquecer, dar condições ao setor de serviços e o comércio, não aumentar impostos, valorizar a agropecuária, setor este que nos últimos meses vem dando ainda um pouco de sustentação à nossa economia.

O governo não precisaria quase que nem ajudar, não atrapalhando já estaria pra lá de bom. Tenho certeza que dessa maneira a própria população faria o país voltar aos trilhos do desenvolvimento e prosperidade.

Por isso votei contra o ajuste fiscal, a favor da viúva e do trabalhador, a favor do aposentado, do empresariado e da agropecuária. Votei contra as Medidas Provisórias que alteravam de forma prejudicial os direitos consagrados dos trabalhadores relativos à aposentadoria, pensões por mortes, seguro desemprego e outros benefícios consolidados há anos.

Também apresentei Proposta de Emenda Constitucional (PEC) proibindo a edição por parte do governo de medidas provisórias que visem reduzir direitos dos trabalhadores.

O País, o Estado e a cidade que todos almejam tem que ser o resultado da discussão de uma ampla agenda. Um governo com uma agenda voltada para o desenvolvimento e para o crescimento econômico, para a distribuição de renda.

Mas para isso é necessário que a classe política entenda que o país mudou, que as pessoas não aguentam mais esse estado atual de coisas.

Nossa população só quer ser respeitada!

É preciso uma ampla renovação da nossa política, com mudanças de postura, de práticas, de maneira de agir, por grande parte dos agentes políticos.

As medidas necessárias para colocar novamente o país nos trilhos carecem de credibilidade, por parte dos nossos governantes, para serem adequadamente implementadas.

Credibilidade que não enxergo em Temer, em Cunha ou Renan e em tantos outros. Por isso, defendo a saída de todos eles e a convocação de eleições gerais.

E que de preferência a população mande de volta para casa todas essas velhas raposas políticas que estão por aí.

Com a estabilidade política, estará aberto o caminho para buscarmos a estabilidade econômica.

É uma necessidade imediata a retomada do crescimento econômico, da geração de emprego, de renda e da preservação e ampliação dos direitos trabalhistas e das conquistas sociais.

Os trabalhadores anseiam por melhores condições na saúde, na educação, na segurança, de emprego, transporte, em todas as áreas. Direitos Constitucionais que não passam nem perto de serem uma realidade.

Avançar para que efetivamente possamos viver em uma nação, que respeite os seus cidadãos e cidadãs. Uma nação com qualidade de vida, justiça social e oportunidade para todos!

*Marcelo Belinati, médico e advogado londrinense, é deputado federal pelo PP do Paraná. Escreve nas sextas-feiras sobre “Política Sem Corrupção”.

Comments are closed.