Coluna do Bruno Meirinho: A velha política, o poder de Eduardo Cunha e a delação de Delcídio

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Em sua coluna semanal, Bruno Meirinho (PSOL) comenta a crise política instalada em Brasília, com o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) se tornando réu no Supremo Tribunal Federal, e o senador Delcídio Amaral (PT) sendo atribuído como autor de uma bombástica delação.  Para Meirinho, a situação de Cunha é contraditória, pois ele foi eleito vinha recebendo apoio pela maioria dos deputados; e agora que é réu no STF foi abandonado por quase todos, mas se mantem na presidência da casa. Já sobre Delcídio, Meirinho fala de como sua delação deve abalar ainda mais o já conturbado cenário político nacional. Leia, comente e compartilhe.

Bruno Meirinho*

Atualmente, quase ninguém na Câmara dos Deputados considera prudente apoiar o presidente do colegiado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Declarado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha é considerado persona non grata pela maioria dos partidos que anteriormente o apoiava, com exceção do leal “Solidariedade”, do deputado Paulinho da Força, que celebra Eduardo Cunha como “guerreiro do povo brasileiro”.

Cunha foi eleito pelo plenário da Câmara com 267 votos, maioria absoluta dos deputados. Seus votos não foram obtidos exclusivamente nos partidos nanicos do “baixo clero”, mas também entre grandes agremiações “ideológicas”, como DEM e PSDB.

O presidente da Câmara sustenta que não precisa renunciar, mesmo sendo réu em ação penal no STF. Em última análise, o deputado pode ter razão, afinal, obteve seu cargo em uma eleição dentre os deputados. E a culpa desse “acidente” é do bloco de oposição ao governo, que tem feito qualquer coisa para derrubar Dilma, até mesmo eleger Cunha para a presidência da Câmara. Arrependidos, deveriam cogitar que o vale-tudo não vale a pena.

Mas, ao contrário, continuam sustentando o discurso surrado do impeachment, liderados pelo derrotado Aécio Neves. Propõem substituir esse governo por outro, baseado nas experiências dos anos de FHC, de 1994 em diante. Experiências essas que também têm sido inspiração para o governo Dilma.

Economia

A esperada delação do senador Delcídio Amaral é outro fato que abala a estabilidade política em Brasília. Oriundo do PSDB e convertido ao PT, Delcídio sabe muito sobre os espaços mais reservados do poder supremo nacional. Surpreendido pela pegadinha malandra do filho do Cerveró, Delcídio, preso, pode entregar os anéis para salvar os dedos.

O quadro político nacional revela o esgotamento das alternativas da velha política. DEM, PSDB, PMDB e PT, seus satélites, não podem mais representar qualquer discurso de mudança. A data de validade desses partidos é evidente.

A crise política brasileira é generalizada. A solução é reinventar. Acredito que, em breve, as discussões sobre a polarização PSDB-PT serão parte do passado.

*Bruno Meirinho é advogado, foi candidato a prefeito de Curitiba. É o coordenador local da Fundação Lauro Campos, instituição de formação política do PSOL. Ele escreve no Blog do Esmael às sextas-feiras sobre “Luta e Esperança”.

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