Coluna do João Arruda: Dança das cadeiras pode ser recomeço para partidos no Paraná e no Brasil

cadeiras
O deputado federal João Arruda (PMDB), em sua coluna semanal, analisa a janela para a troca partidária que está em curso. Segundo o parlamentar, o dispositivo ajudaria a renovar a vida partidária liberando quem tenha divergências com a linha da atual legenda para procurar um espaço mais confortável às suas ideias. “Quem não aceita a decisão da maioria deve procurar outro rumo”, fulmina. Entretanto, ele afirma que o parlamentar deveria exercer seu mandato conforme a orientação definida em convenção do partido. Leia, ouça, comente e compartilhe.

Download áudio

João Arruda*

Você já deve ter lido por aí: deputados federais, estaduais e vereadores têm até o dia 19 de março para trocar de legenda sem correr o risco de perder o mandato. Há quem tema a chamada “janela da infidelidade”, criada por emenda constitucional, talvez pelo risco de diminuir seu peso político. No entanto, o período de mudança também pode oxigenar os partidos e significar um novo começo para a maioria deles.

O que me leva a pensar assim? Explico: a grande contribuição da abertura da tal janela é o estímulo ao debate partidário, mecanismo capaz de fortalecer a democracia interna. É como deveria funcionar em partido que não tem dono. No mundo perfeito, e em tese, o caminho a ser trilhado é sempre aquele que a convenção define. Nesse caso, quem não aceita a decisão da maioria deve procurar outro rumo. O problema é que nem sempre isso acontece.

É relativamente comum encontrar um parlamentar que acaba na base de apoio do governo para o qual deveria fazer oposição, uma vez que foi eleito pela coligação adversária na campanha. O principal motivo é a sobrevivência política, pois acredita-se que estar na situação facilita a liberação de verbas para atender às bases eleitorais. Não seria melhor, portanto, se mudar de vez para um partido governista ou aliado?

Economia

Por honestidade intelectual, trocar de partido talvez fosse a decisão mais prática e ética para este perfil de parlamentar. A política, como sabemos, tem suas peculiaridades. O desgaste que a mudança pode trazer conta muito. Existe a história dentro do partido, além da estrutura à sua disposição. Um eventual processo por infidelidade partidária é sempre indesejável. Muitas vezes, nesses casos, o partido faz vistas grossas e o infiel se finge de morto.

A janela traz esse tema para discussão. Será que não é hora de termos uma orientação mais efetiva dentro dos partidos, até para que eles se resguardem e tenham condições de retomar o respeito da opinião pública?

Vou insistir: na minha opinião, o parlamentar deveria exercer seu mandato conforme a orientação definida em convenção pelo partido. Se o partido disputou o governo e venceu, vamos dar sustentação. Se concorreu e perdeu, vamos para a oposição, que não deve ser sectária ou sistemática. Simples. O fortalecimento do sistema partidário brasileiro passa pelo cumprimento de teses e resoluções aprovadas em convenções. Sem isso, todos seremos parte de legendas de ocasião.

*João Arruda é deputado federal pelo PMDB, coordenador da bancada do Paraná no Congresso Nacional, escreve nas terças-feiras sobre “Os bastidores do poder em Brasília”. 

Comments are closed.