Coluna do Rafael Greca: As alianças do casamento Fruet-PT foram compradas na joalheria OAS?

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Em sua coluna semanal, Rafael Greca (PMN) fala da criação de nove novas taxas pelo prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT). Fala também da manifestação de Fruet contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) e das ligações suspeitas entre a campanha de Fruet e as empreiteiras envolvidas em denúncias de corrupção na operação Lava Jato. Leia, ouça, comente e compartilhe.

Rafael Greca*

O prefeito Gustavo Fruet (PDT) está uma onça com sede. Mas não com sede de água. Uma onça com sede de outras onças. Das onças que ornamentam a nota de 50 reais.

Na contramão da economia popular, sem justificativa técnica, a toque de caixa, sem a devida audiência pública, Fruet criou e aprovou na Câmara dos vereadores mais nove novas taxas na cidade: 1.Taxa de Bloqueio de Estacionamento para Obras e Mudanças; 2.Taxa de Bloqueio Parcial de Calçada; 3. Taxa de Bloqueio em Faixa de Via Pública; 4. Taxa de Trânsito Especial; 5.Taxa de Caçamba; 6.Taxa Valet Park; 7. Taxa Operação Escola; 8. Taxa de Operação de Igreja; 9. Taxa de Eventos.

E, como se já não bastasse, no dia de fúria arrecadadora Fruet aumentou em 18% a Taxa de Iluminação Pública, no segundo aumento deste ano. Voracidade espantosa.

Taxas e multas de R$47,65, R$ 68,73, de R$ 68,73, R$ 99,23, de R$ 120,31, de R$ 164,80, de R$ 193,89, multiplicadas por Vagas de Estar que se cancelam temporáriamente, ou por horas trabalhadas de agentes públicos.

Taxas e multas que dificultarão a congregação religiosa; levantarão barreiras burocráticas contra a participação social; e encarecerão o preço dos serviços de logística, do embarque e desembarque, e que assim vão impactar no já combalido bolso dos consumidores, no seu bolso, por consequência.

Economia

Da taxa de eventos, nem procissão escapa. Seja Corpus Christi, seja Marcha para Jesus, seja Lavagem do Rosário em dia de Consciência Negra.

Pelo visto, lido e escutado, Fruet ainda não pensou na criação da Taxa para Ocupação de Calçadas e Marquises e Estações-tubo do morador abandonado pela abandonada F.A.S. fechada; nem a Taxa para Traficante de Crack e Drogas Sintéticas nas dezenas de centenas territórios liberados entregues ao descaso; nem a Taxa do Churrasquinho e das Batas Fritas nas Praças que enchem de óleo reciclado o ar.

O prefeito Fruet não apenas copia o atual prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Também copia a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que ficou famosa como Martaxa. Eis o “Fruetaxa”, versão perdida do “Martaxa”, da paulicéia desvairada.

Parece que o prefeito Fruet tem chumbo nos pés. O que tem chamado de a cruz do Executivo Municipal parece-lhe pesada. Como falamos aqui no artigo anterior, repetimos: “Fruet, se está difícil para você, deixa que a gente faz.”

Há derrotas por pontos, derrotas por nocaute e nocaute técnico, quando o treinador joga a toalha no ringue. Não sei quem seria o treinador do prefeito Fruet, mas já passou da hora de deixar cair a toalha.

O prefeito Fruet está sem condições de continuar prefeito. Sobrevive na base dos analgésicos da esperteza, que quando é muita, engole o esperto.

Um prefeito, qualquer prefeito, teria de matar um leão por dia. Mas o prefeito Fruet não consegue sequer matar um rato na praça Tiradentes, um rato sequer dos tantos que pululam no logradouro.

Vamos aos fatos desta semana:

Fruet apoiou a permanência da presidente Dilma até o final do seu mandato constitucional. Assinou uma nota oficial contra o impeachment. Seu gesto foi anunciado como ato de coerência. Concordamos, o gesto não apenas foi coerente como resolveu o enigma de identidade ideológica de Fruet, esfinge que corroía as entranhas e lançava sérias dúvidas sobre a falta de personalidade política do prefeito Fruet.

Menos mal. Melhor assumir a relação. Muito pior seria insistir no rompimento dissimulado que ninguém acreditou, aparentando um rompimento de práticas, mas continuando casado com as mesmas intenções.

Agora sabemos, agora sabe-se e não adianta querer negar: Fruet continua fechadão com o PT. E o PT fechadão com Fruet.

Não há mais como insistir na lenda publicitária do rompimento entre Fruet e o PT. Pouco tempo durou mais essa mentirinha.

aa aba 15a2 fruetaxasNinguém acreditou que fossem para valer as duras indiretas da vice-prefeita Miriam Gonçalves contra o prefeito Fruet. Miriam desolada escreveu: — “Os bons momentos do partido serviram a muitos, inclusive com altos cargos de comando e em suas campanhas políticas”.

“Por ora, direis, fugir da estrela do PT”, teria sido a resposta entredentes de uma carta imaginada por Fruet para a doutora Miriam; algo no mesmo tom da badalada carta do vice-presidente Michel Temer para a presidente Dilma.

Nada contra quem está aliado ou já foi aliado do PT, mas tudo contra quem finge rompimento com o PT apenas para não sair mal na foto do cartaz eleitoral.

Sem poder negar que continua aliado do PT, sem poder voltar a ser aquele tucano de altas plumagens que foi até o PT ascender, Fruet agora não tem mais como fugir dos fatos graves que o vinculam a Lava Jato, operação da qual Curitiba se orgulha de ser a capital.

Resta a pergunta, Curitiba que se orgulha de ser a capital da Lava Jato vai se orgulhar de ser governada por um prefeito vinculado aos que já foram presos na Lava Jato?

Pois bem, já pairam suspeitas sobre a forma do financiamento da campanha Fruet 2012.

Teria havido dinheiro vil na prestação de contas do PDT/PT em Curitiba?

A aliança nupcial teria sido comprada na joalheria OAS? Num ourives ligado à Petrobrás?

O jornalista Rogério Galindo, no seu blog Caixa Zero, na Gazeta do Povo, no dia 28 de novembro passado, sugeriu que sim, ao afirmar que “a empreiteira OAS fez uma generosa doação oculta para a campanha de Gustavo Fruet para a prefeitura de Curitiba em 2012. Foram R$ 500 mil, repassados no segundo turno por meio do diretório estadual do partido.”

E continua Galindo: — “(…) Mais de 60% das doações para a campanha de Fruet vieram por meio de transações ocultas. A empresa doa para o partido, que repassa para o candidato. Assim, o nome da empresa não aparece na prestação de contas.

— O caso da OAS é mais fácil de verificar por uma singularidade. O PDT paranaense registrou apenas duas doações recebidas. — Assim, os repasses para a campanha de Fruet são facilmente reconhecíveis. Além dos R$ 500 mil da OAS, é possível saber que um outro repasse oculto foi feito pela Tropical Transportes Ipiranga, no valor de R$ 100 mil.

— A maior parte das doações ocultas ocorreu por meio do diretório do PT, coligado a Fruet desde o primeiro turno. A doação da OAS ocorreu no dia 22 de outubro, uma semana antes do segundo turno”.

E o escândalo não está apenas no blog do Galindo. Leio no jornal Valor Econômico: — A Estre Ambiental, sucessora da Cavo, subsidiária do Banco BTG Pactual, empresa responsável pela coleta de lixo e limpeza pública de Curitiba, voltou a ser alvo da Lava Jato, nesta terça 15. Foi vasculhada a casa paulistana de seu presidente Wilson Quintella Filho.

Ora, a Estre, empresa especializada na coleta e no tratamento de resíduos em plataformas petrolíferas, que teria faturado cerca de R$ 700 milhões em contratos com a Petrobras entre 2011 e 2014, conforme a Lava-Jato.

Os mesmo contratos que derrubaram Sérgio Machado, parte dos quais teria gerado os R$1 milhão que o doleiro Alberto Yousseff afirmou ter destinado à senadora Gleisi Hoffmann.

Contrasta a montanha de dinheiro derramado na campanha do candidato Fruet em 2012, com a situação de penúria na atual Prefeitura, segundo as lamúrias feitas do agora mui queixoso prefeito eleito Fruet, ou Fruetaxa.

O dinheiro que transbordou, segundo os autos da Lava-Jato, agora faz falta ao Brasil, ao Paraná e a Curitiba.

Tem nome para os atrasos, para a lentidão e para a total ineficiência na gestão dos 11 projetos apresentados como redentores pela Prefeitura de Curitiba ao Governo Federal? Fizeram uma chuva publicitária de milhões, e nada, nenhum tostão.

Curitiba teria 125 milhões para a mobilidade não motorizada, para calçadões nas regionais + mobiliário. Cadê?

Teria 140 milhões para readequação e aumento da capacidade dos eixos estruturais Leste/Oeste e Sul. Cadê?

Teria 321 milhões para a conclusão da Linha Verd Norte e extremo sul. Cadê?

225 milhões para a implantação de 300 km de ciclovias e a construção de 2 milhões de metros quadrados de calçadas. Cadê?

Teria 91 milhões para projetos especiais de requalificação do eixo Centro Cívico e da Travessa Nestor de Castro. Cadê?

Teria 145 milhões para a construção do Terminal Central, do Tatuquara, do novo terminal Capão da Imbuia e novo terminal CIC e para a requalificação do Terminal Guadalupe. Cadê?

Teria 178 milhões para o Contorno Sul, para a revitalização da marginal existente e implantação de 10 km de marginal no sentido Norte/Sul com passarelas e passagens. Cadê?

Teria 395 milhões para obras viárias estruturantes, binários, contornos, viadutos, trincheiras e passarelas. Cadê?

Teria 950 milhões para o VLP, Veículo Leve sobre Pneus, com 30 km — projeto desenhado pelo ex-prefeito Jaime Lerner. Cadê?

Teria 470 milhões para a revitalização da Linha Inter 2, com ônibus articulados com portas em ambos os lados, implantação de faixas exclusivas, semáforos sincronizados e trincheiras. Cadê?

Teria 208 milhões para a implantaçào do 3º Anel Viário de 61,3 km. Cadê?

Teria, teria, teria. 11 vezes teria. E de concreto, não temos nada. E o infrutífero prefeito Fruet segue sem justificativa e sem explicação, agindo como se ele não tivesse nada a ver com os problemas crescentes e com as promessas não cumpridas.

Não há como explicar que o Hospital da Zona Norte continua sem existir. Não há como justificar que o Centro de Saúde da Mulher continua terreno baldio na frente da praça da Suiça, entre o Cabral e o Bacacheri.

Não há como explicar o fechamento da UPA da Fazendinha.

Não há como justificar a falta de 81 remédios básicos – que quando fui prefeito garanti mesmo com a crise política e econômica daqueles tempos, algo mais grave do que a atual. Não há como explicar os 23 berçários que estamos sendo fechados em CMEIs curitibanos, alguns já de tradição, como CMEI Santa Ifigênia.

Tudo feito na pressão do corre-corre, nada planejado, Curitiba sem prefeito, a cidade entregue ao destino.

aa aba 15a3rua da cidadania do boqueirão

Populares me dão testemunho que a Rua da Cidadania do Boqueirão (foto de 1995), ficou sem telefone e sem internet, pois os serviços foram cortados por falta de pagamento na semana passada.

Não fiz as Ruas de Cidadania pra esse vexame. São Prefeituras no bairro, para bem servir.

Nada justifica o prefeito Fruet ter “Inaugurado” uma Rua de Cidadania, a do Tatuquara, ainda sem internet, sem telefone, sem serviços elementares, obrigando a população local a se servir da Rua da Cidadania do Pinheirinho — criada e inaugurada por mim em 1995.

Por que sobrou dinheiro nas eleições 2012, na Copa 2014 e agora falta? Não sobrou nada daquela foto triunfante, de braços erguidos ainda sem algemas, pelo deputado André Vargas, entre Gleisi e Paulo Bernardo?

Contabilizamos as expressivas doações eleitorais — do diretório nacional do PT, da Ipiranga Petróleo, dos dirigentes da Odebrecht e de outras empreiteiras, muitos deles hoje alojados nos pavilhões úmidos do presídio de Pinhais — se o candidato Fruet 2012 doasse parte do que arrecadou para o prefeito Fruet, muitos problemas poderiam ser resolvidos.

*Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, é engenheiro. Escreve às quartas-feiras no Blog do Esmael sobre “Inteligência Urbana”.

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