Jorge Bernardi*
É triste admitir mas Curitiba, que já foi uma cidade modelo, não apenas para as cidades brasileiras mas para o mundo, atualmente caminha sem rumo, sem perspectivas, deixou de ser inovadora faz muito tempo. Tornou-se uma cidade que copia: copiou o viaduto estaiado e agora copia as vias lentas, que ainda nem foram implantadas em São Paulo, onde foram inventadas. Curitiba é uma cidade endividada, com mais de R$ 600 milhões contas atrasadas, fruto da irresponsabilidade fiscal.
E de quem é a responsabilidade?
As últimas administrações municipais têm sido um fracasso, com Prefeitos apagados que permitiram o aumento dos gastos públicos acima da capacidade do tesouro municipal. E ainda deixaram de ousar, inovar, passaram a copiar.
Grupos empresariais, que prestam serviços públicos e fornecem bens, tornaram-se donos da cidade, explorando o transporte coletivo, a limpeza pública, os serviços de informática, merenda escolar, aluguel de veículos, entre outros, de forma predatória.
Mas Curitiba tem futuro, pode voltar a ser uma cidade modelo, inovadora e justa. Para isto deve fazer com que a sustentabilidade permeie todas as áreas da vida cívica. Urge fazer uma auditoria nos contratos de prestação de serviços (informática, lixo, merenda escolar, aluguel de veículos e etc). Curitiba tem de reduzir as 32 secretarias e órgãos de primeiro escalão, cortar cargos comissionados, economizar e pagar os credores.
Curitiba precisa mudar para que os curitibanos voltem a sentir orgulho de sua cidade. Precisa tornar-se uma cidade saudável, onde a saúde pública seja prioridade; uma cidade protegida, com ênfase na segurança solidária, com a participação da comunidade; uma cidade inteligente, radicalizando na educação para produzir uma economia voltada ao saber, a novos bens, voltada para criatividade; uma cidade cultural, valorizando as manifestações artísticas, a economia criativa e solidária, em áreas como artesanato, gastronomia, moda, literatura, fotografia, música, design, publicidade, artes cênicas e outras; uma cidade policêntrica e compacta, com cada bairro com seu centro de serviços públicos, de comércio, educação e lazer para evitar os grandes deslocamentos. Trabalho, educação, equipamentos comunitários como de saúde que devem estar próximos dos locais de moradia.
Curitiba pode voltar a ser uma das melhores cidades do mundo para ser viver, desde que se torne uma cidade para todos. A cidade democrática e sustentável não pode privilegiar apenas minorias que se apropriam de forma ilícita do orçamento público impunemente.
*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (Rede), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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