Lula prevê continuidade da esquerda no governo a partir de 2018

do Brasil 247

Lula_PCdoB_CamaraEntrevistado pelo PCdoB na Câmara nesta quinta-feira (29), o ex-presidente Lula reconhece o momento de “muita dificuldade” na política brasileira, mas ele acredita que as recentes mudanças na articulação política do governo Dilma darão um alento ao Planalto no Congresso.

“Não é um momento fácil. Possivelmente, é o momento o mais difícil da história do PCdoB e do PT, porque não estamos enfrentando um partido de oposição comum. Estamos enfrentando um massacre de uma imprensa conservadora”, disse.

“Existe um massacre em cima do PT. Evidentemente, que nós também temos cometido erros. Existe discordância com relação à política econômica, e temos de fazer as correções na medida do possível e no momento correto. Temos muita divergência dentro do Congresso Nacional. É preciso que os partidos assumam a responsabilidade de funcionar enquanto partidos políticos”, ressaltou.

Ainda assim, ele afirma que a presidente Dilma Rousseff “vai voltar a crescer” e deixa um recado: “Para aqueles que não gostam de nós, vão ter de conviver a partir de 2018 durante mais quatro anos com os partidos democráticos e populares na governança deste país”.

Lula almoçou com a bancada do PCdoB na Câmara nesta quinta.

Economia

Abaixo os principais trechos da entrevista exclusiva de Lula concedida ao PCdoB na Câmara:

PCdoB na Câmara – Como foi a reunião-almoço com a Bancada Comunista no Congresso?
Luiz Inácio Lula da Silva – Agradeci muito por tudo que o PCdoB significa na minha vida ao longo da minha trajetória política. Discutimos a necessidade de o PCdoB e do PT se reunirem mais e debaterem estratégias comuns de atuação. O PT agradece muito pelo comportamento da Bancada do PCdoB no Congresso, com a líder Jandira Feghali, que tem sido motivo de orgulho para quem é da esquerda neste país. Mostra que tem gente com caráter, que não é oportunista e não rema apenas do lado que a maré está favorável. Isso o PCdoB tem feito historicamente. Nos últimos 40 anos, não posso reclamar da relação com o PCdoB. Tem sido extraordinária desde a primeira campanha em 1989 com João Amazonas, depois com Renato Rabelo e agora com Luciana Santos. O PCdoB está inovando, tendo uma mulher na presidência. Não é pouca coisa um partido comunista ter uma mulher na presidência. Isso tudo ajuda na nossa relação.

PCdoB na Câmara – A ideia é estabelecer uma agenda rotineira de encontros entre PT e PCdoB?
Lula – É importante que uma vez por mês ou a cada dois meses, quando tiver reunião da executiva, conversemos um pouco. O PCdoB ir numa reunião do PT para fazer avaliação de conjuntura e vice-versa. O objetivo é que nos aproximemos cada vez mais. Quando tiver eleições municipais em 2016, podemos ter divergências em um lugar ou outro. Mas as divergências são bem menores do que as coisas unificadoras entre PT e PCdoB. Saio daqui deste almoço mais fortalecido de cabeça e alma.

PCdoB na Câmara – Como o senhor avalia a atual conjuntura política?
Lula – Não é um momento fácil. Possivelmente, é o momento o mais difícil da história do PCdoB e do PT, porque não estamos enfrentando um partido de oposição comum. Estamos enfrentando um massacre de uma imprensa conservadora. Parece-me que a imprensa não concorda com a evolução e as conquistas do povo mais pobre deste país. Não concordam com o pobre nas universidades e com programas que elevaram a qualidade de vida das pessoas, como o Minha Casa Minha Vida. Tem gente que se incomoda com os pobres quando eles têm ascensão. Existe um massacre em cima do PT. Evidentemente, que nós também temos cometido erros. Existe discordância com relação à política econômica, e temos de fazer as correções na medida do possível e no momento correto. Temos muita divergência dentro do Congresso Nacional. É preciso que os partidos assumam a responsabilidade de funcionar enquanto partidos políticos.

PCdoB na Câmara – Qual é a saída?
Lula – Teoricamente, a presidenta Dilma Rousseff tem maioria dentro do Congresso tanto na Câmara quanto no Senado. O governo agora arrumou a sua articulação política. A vinda do companheiro Jaques Wagner para a Casa Civil deu um alento muito grande dentro do Congresso. O Aloisio Mercadante voltou para a Educação e fará um extraordinário trabalho na Educação. Nós vamos superar. A Dilma vai voltar a crescer. Para aqueles que não gostam de nós, vão ter de conviver a partir de 2018 durante mais quatro anos com os partidos democráticos e populares na governança deste país.

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