Alvaro Dias*
O pacote de cortes e aumento de impostos anunciado pelos ministros da área econômica só reforça o quanto o governo do PT está caminhando para o descaminho do desgoverno e andando na contramão da realidade do País.
Ao que tudo indica, o governo não tinha noção das suas finanças internas e não sabia o que ocorria com as contas públicas do País. Foi preciso vir um alerta lá de fora, com o rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor’s (S&P), para que as providências fossem adotadas. Se foi possível fazer cortes agora, por que o governo não cortou antes desse atestado de incompetência internacional?
Os cortes de R$ 26 bilhões no Orçamento da União contradizem todas as propostas feitas durante a campanha eleitoral e retiram recursos de áreas estratégicas, como a agricultura, que tem sustentado o pífio crescimento da economia brasileira. É uma decisão errática, porque o dinheiro investido na agricultura tem retorno garantido. É provável que as pedaladas fiscais, a que o governo vem recorrendo para maquiar as contas públicas, tenham comprometido também o caixa das instituições financeiras que financiam a agricultura no País.
Além de mexer com o campo, o governo também jogou um balde de água fria nas expectativas dos servidores públicos, que ficarão sem reajuste, e dos que almejam a estabilidade do serviço público, suspendendo os concursos.
Também alterou a forma de financiamento de programas como o Minha Casa, Minha Vida. Mas a parte de sacrifício que lhe cabia nessa crise, o governo ficou devendo. Anunciou um tímido corte de R$ 200 milhões com a redução do número de ministérios, deixando-nos com a certeza de que os quadros políticos, mantidos a preço de apoio, continuarão a inchar a esplanada dos ministérios.
O mais grave no pacote, porém, é a tentativa de recriação da CPMF. É uma trombada na realidade econômica e social do país. O Brasil precisa crescer economicamente, e aumentar impostos compromete ainda mais a capacidade de investimento do setor produtivo, que vai demitir mais e aprofundar a crise social do País.
Nós, da oposição, que derrubamos a CPMF em 2007, temos o dever de rejeitar novamente esse imposto perverso. Os brasileiros não podem pagar pelos erros do governo. Se o governo errou, que pague a conta.
*Alvaro Dias é senador pelo PSDB e líder da Oposição no Senado Federal. Ele escreve nas quartas-feiras para o Blog do Esmael sobre “Ética na Política”.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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