Alvaro Dias*
Na última semana, em Curitiba, tive a chance de participar de um debate no Instituto Democracia e Liberdade. E o sentimento comum entre os empresários paranaenses era o da indignação com a crise monumental por que passa o País.
E nós sabemos que a causa não é a crise externa, como diz o governo. A crise brasileira tem origem no desgoverno e, sobretudo, no grande balcão de negócios que se instalou em Brasília, há treze anos, para negociar apoio político em uma relação de promiscuidade, que deu origem ao mensalão, ao petrolão e a tantos escândalos de corrupção.
O que se vê hoje na política é muita encenação, sobretudo quando se liga a TV no horário político. Partidos que estão no governo, e que tem grande apetite fisiológico, posam de oposicionistas na frente das câmeras, criticando o governo. Mas antes de criticar, não foram ao Palácio do Planalto devolver os cargos que ocupam. Não faço referência a esse ou aquele partido, mas à contradição entre os dois discursos: um para abiscoitar vantagens junto ao governo, e outro, para tentar ficar bem com a opinião pública.
Nós, que tivemos ao longo desses anos a menor oposição da história, não sabemos mais quem é oposição, porque há uma geleia geral. O próprio PT critica o governo e a política econômica, mas obviamente os dissidentes de hoje foram os apoiadores de ontem, os sustentáculos desta política econômica que levou o País ao fundo do poço.
A tempestade devastadora que se abate sobre o Brasil faz com que os cidadãos fiquem ainda mais indignados, quando, em um cenário de inflação e desemprego, assistem a Presidente da República dar continuidade ao loteamento, distribuindo ministérios aos que aproveitam o desgaste político e a impopularidade para cobrar vantagens.
Isso é uma afronta ao cidadão brasileiro, que vê o dinheiro dos impostos ser utilizado no desperdício de um governo perdulário para atender o apetite fisiológico com estruturas que são instituídas, criadas, mantidas e sustentadas para agradar aos apaniguados que apoiam o governo.
Esse sistema de governança levou o governo à falência, porque o toma lá dá cá só interessa aos cupins da República. Se esse modelo não for definitivamente sepultado, não teremos chance de recuperar a capacidade de crescer, e o Brasil ficará amarrado ao atraso.
*Alvaro Dias é senador pelo PSDB e líder da Oposição no Senado Federal. Ele escreve nas quartas-feiras para o Blog do Esmael sobre “Ética na Política”.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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