Milton Alves: “O establishment político e empresarial já opera o afastamento da presidente Dilma”

Em artigo publicado em seu Blog, Milton Alves analisa os últimos movimentos no xadrez da política nacional mostrando que amplos setores do meio político e da indústria já trabalham com a possibilidade de apear a presidenta Dilma do cargo.
Em artigo publicado em seu Blog, Milton Alves analisa os últimos movimentos no xadrez da política nacional mostrando que amplos setores do meio político e da indústria já trabalham com a possibilidade de apear a presidenta Dilma do cargo. A saída do PDT e do PTB da base aliada são um forte sintoma de que uma reação por parte do Palácio do Planalto é urgente, e se demorar, pode ser tarde demais.

Milton Alves*

A situação mudou de qualidade nas últimas horas. O establishment político e empresarial – a Fiesp e Firjan se pronunciaram a favor do tal governo de união nacional – operam o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Não se trata mais de ajuste fiscal, a questão está condensada no terreno da política.

O PMDB, a ‘base parlamentar’ do governo e a oposição trabalham a solução do ‘parlamentarismo branco’ com Temer no comando. O tucanato arriou a bandeira do impeachment e agita, por ora, a bandeira de novas eleições para arrancar mais compromissos e também, ao mesmo tempo, acenar para os setores mais extremistas do seu campo.

O tal governo de ‘união nacional’ implica na manutenção do atual programa econômico(que todos concordam na sua aplicação), sem o PT. É a ‘união nacional’ excluindo o PT, como o Cunha já faz na Câmara dos Deputados. Será um golpe dentro da institucionalidade vigente. A estratégia principal agora é essa, o que Serra já vem pregando.

PDT e PTB formalizaram a saída da base do governo. O isolamento do governo é crescente, acelerado. O isolamento é uma sentença de morte na política. Lava Jato, contas da Dilma no TCU e as manifestações programadas são batalhas de acumulação dentro dessa estratégia geral.

O governo acuado precisa reagir dando um cavalo de pau ao contrário: demitir Levy e mudar a agenda econômica. Mas é uma operação que precisaria conquistar a antiga base social de apoio do lulismo, já que parte dela se desprendeu do governo Dilma/Levy. E talvez seja tarde. É uma situação que lembra uma ‘sinuca de bico’.

Economia

Os protestos de ontem (6) não se circunscreveram apenas às áreas ricas, ocorreram em São Paulo, por exemplo, no Morumbi(zona oeste e rica) e na Vila Mazei (zona norte, área popular). No Rio, em Copacabana e no Meyer (zona norte, área popular).

A covardia política e as ilusões conciliadoras da direção do PT e do governo, também contribuíram para o agravamento do atual quadro político.

*Milton Alves é ativista social e dirigente do PT de Curitiba.

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