Coluna do Reinaldo de Almeida César: 4 anos de “Paraná Seguro”

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O ex-secretário de Segurança Pública do Paraná, delegado da Polícia Federal, Reinaldo de Almeida César passa a analisar em sua coluna semanal os quatro anos do Programa Paraná Seguro do Governo do Estado. Na primeira coluna de uma série, ele fala sobre a política e a necessidade de reformas para que os anseios da população fiquem mais próximos de serem realizados, além do sonho e da vocação que nos move. O que isso tem a ver com segurança pública? Leia, ouça, comente e compartilhe!

Reinaldo de Almeida César*

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Confesso-me já desesperançoso em testemunhar nesta vida a tão esperada reforma política no Brasil, que promovesse uma profunda alteração no financiamento das campanhas eleitorais.

O financiamento das milionárias campanhas eleitorais, pelo que está a demonstrar a Lava Jato, está na raiz do processo de corrupção e desvio de recursos públicos no país.

Deputados e senadores parecem teimar em fazer ouvidos moucos, não dando mínima atenção à voz rouca das ruas. As manifestações em 2013, antes mesmo da Copa dos 7 a 1, já pediam por reformas políticas profundas. Suas excelências, no entanto, em matéria eleitoral, parecem fazer como se estivessem tecendo o mais fino traje que lhes caia bem, como se fosse um conjunto “su misura”, confeccionado por habilidosas mãos de Saville Row.

Mas, minha vocação para o sonho não me abandona jamais.

Economia

Tenho um sonho, muito, mas muito mais acanhado em relação aquele invocado por Martin Luther King ou mesmo em relação ao sonho que deveria ser sonhado por todos, como pregava Dom Helder Câmara.

Meu sonho é mais modesto. Explico-me.

É que se não temos uma reforma política de peso, que colocasse partidos e candidatos em igualdade de competição e melhorasse a representação popular, poderíamos ter, quando menos, uma mudança na postura dos candidatos a fim de que cumprissem aquilo que efetivamente se comprometeram quando se submeteram ao voto popular.

Bastaria que candidatos dissessem o que pretendiam fazer e, realmente, se eleitos, o fizessem, em vez de se apresentar em caríssimos programas de TV, dirigidos por marqueteiros pagos a peso de ouro, e com o rosto de photoshop estampado em coloridas peças visuais que mais parecem um pacote de M&M.

Nem precisa registrar em cartório. Como bem lembrou o decano do colunismo político do Paraná, Celso Nascimento, na Gazeta de domingo, bastaria o fio de bigode como aval dos compromissos de campanha.

***

Há exatos quatro anos, mais precisamente em 16 de agosto de 2011, o Governador Beto Richa lançava em evento de grande prestígio e repercussão no Canal da Música, o Programa Paraná Seguro.

Em 2014, na campanha para o bi-mandato, Richa apresentou o Paraná Seguro como sendo o seu compromisso na área da segurança pública.

A partir de hoje, passados exatos quatro anos, vamos começar a analisar o que foi feito e o que deixou de ser feito, o que ainda está pendente de realização e que já foi concretizado na execução deste programa de governo, apresentado aos paranaenses como compromisso no setor de segurança pública, que levou o nome de Paraná Seguro.

Já disse e repito que o secretário Mesquita, o delegado-geral Julio Reis e o comandante Tortato são preparados e bem-intencionados. Resta saber se terão recursos e capacidade de investimento para cumprir metas do Paraná Seguro.

Todos sabem que não sou jornalista.

Escrevo neste espaço plural como um mero animador do debate sobre cidadania e segurança pública.

Ainda assim, procuro seguir à risca os preceitos ditados pelo mestre do jornalismo Mino Carta que, ao lado de Elio Gaspari, tem o mais escorreito texto do jornalismo nativo, mesmo sendo os dois, curiosamente, nascidos na Itália e tendo apreendido esta difícil língua que falamos, o português, somente quando aqui chegaram ainda muito jovens.

Para Mino Carta, é preciso ter fidelidade à verdade factual, exercício do espírito crítico e fiscalização do poder público.

É o que faremos, a partir de hoje, analisando o Paraná Seguro, quatro anos após seu lançamento.

*Reinaldo Almeida César é delegado da Polícia Federal. Foi secretário da Segurança Pública do Paraná. Chefiou a Divisão de Cooperação Policial Internacional (Interpol). Escreve nas quartas-feiras sobre “Segurança e Cidadania”.

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