Na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff disse, em evento no Maranhão, repudiar o vale-tudo na política e afirmou que é hora de pensar no Brasil. É evidente que esta é hora de pensar no Brasil. Mas não apenas nesta hora. Pensar no Brasil é responsabilidade de quem governa, em todos os momentos.
O repúdio ao vale-tudo não pode servir de carapuça à oposição, que não atrapalha os propósitos governamentais. Ao contrário, a oposição, numericamente insignificante, em nenhum momento colocou dificuldades para que o governo pudesse desenvolver os seus projetos. Na realidade, o que faltou foi projeto. E agora,mais do que nunca, a presidente da República deveria substituir o discurso pela ação.
A resposta à crise deveria ser a ação competente, com propostas para a Nação, com reformas necessárias que pudessem sinalizar mudança e esperança de recuperação. A situação do Brasil é grave e não estamos falando de um governo em final de mandato, mas sim de um governo eleito recentemente, com base em um programa que se mostrou fraudulento, em curto espaço de tempo.
Relembro que, nos últimos anos, no plenário, reiteradamente, alertamos que uma bomba de efeito retardado exigiria do próximo presidente drásticas medidas para desarmá-la, sob pena de vê-la explodir em seu próprio colo. No marco dos dez anos da Lei de Responsabilidade Fiscal, em seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Direito Público, em maio de 2010, tive oportunidade também de alertar sobre a necessidade de rigor com os gastos públicos, diante da degradação fiscal, do populismo crescente e da manipulação dos números, a pré-estreia da contabilidade criativa.
Mas os alertas não foram ouvidos e estamos sob o estilhaço de um impacto da explosão de uma bomba-relógio. O governo foi cometendo erros e a crise econômica se avolumou. Certamente, os efeitos dessa explosão estão sendo sentidos hoje nos vários segmentos da economia nacional.
A responsabilidade pela ruína é a incompetência administrativa doméstica sustentada por um modelo de governança promíscuo, que estabelece uma relação desonesta entre os poderes, especialmente Executivo e Legislativo, com um “balcão de negócios” para o aparelhamento do Estado e que se transforma na usina dos grandes escândalos de corrupção.
Portanto, a crise brasileira é nossa! É dramaticamente do governo!
*Alvaro Dias é senador pelo PSDB e líder da Oposição no Senado Federal. Ele escreve nas quartas-feiras para o Blog do Esmael sobre “Ética na Política”.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.