Coluna do Enio Verri: “O mundo particular de Beto Richa”

mundobetoEnio Verri*

O descompasso do governador Beto Richa (PSDB) com a realidade é cada dia maior e mais assustador. Em artigo publicado no jornal Gazeta do Povo do último domingo (31), o tucano mostrou mais uma vez que vive em um mundo paralelo, bem longe da realidade e do cenário de caos e desesperança do Paraná atual.

O governador garantiu que a grave crise financeira e política que o Estado atravessa é culpa do governo federal. Disse que foi “vítima” das projeções econômicas. Ressaltou que seu governo adotou ações administrativas para cortar gastos e economizar, sem abrir mão da responsabilidade e equilíbrio e jurou que fez investimentos recordes na educação, saúde e segurança pública, sempre com diálogo e muito trabalho.

O cenário que Richa imprimiu existe apenas na cabeça do governador. Está tão distante da realidade quanto os pés do tucano estão do chão.

Os estados brasileiros foram submetidos às mesmas condições de temperatura e pressão do cenário macroeconômico dos últimos anos. Ninguém enganou particularmente o governador do Paraná e o obrigou a dirigir o estado rumo ao abismo.

A culpa pela crise financeira sem precedentes, com dívida com fornecedores que supera R$ 1,6 bilhão, é de Beto Richa e de mais ninguém. A responsabilidade pelo aumento do IPVA em 40%, do reajuste do ICMS sobre mais de 95 mil itens de consumo popular, do confisco da previdência do funcionalismo, medidas que empurraram  a inflação no Paraná para 1,46%, a maior do Brasil, é do governador tucano.

Economia

Durante todo seu mandato Beto Richa anunciou, em ao menos meia dúzia de vezes, grandes cortes de gastos com comissionados e enxugamento de despesas. Entretanto, nenhum decreto foi realmente colocado em prática, não passando de peças de marketing.

Onde estão os “grandes investimentos em educação, saúde e segurança” a que Richa se referiu? Na realidade, não passaram de medidas que eram exigidas pela Lei, como os reajustes do funcionalismo, ou investimentos do governo federal que o governo do PSDB tratou de “estadualizou”, como no caso das milhares de moradias construídas no Paraná pelo programa Minha Casa Minha Vida.

Por fim, e talvez a maior discrepância entre discurso e prática, jamais existiu diálogo no Paraná. Em toda a história nenhum governo utilizou tanto o “tratoraço”, aberração legislativa que só existia no Paraná, para aprovar medidas contra a população e trabalhadores. A intransigência do governador culminou com o histórico 29 de abril de 2015.

Falta ao governador do Paraná serenidade e sabedoria para deixar seu mundo particular, repleto de rancor político, mania de perseguição e insensibilidade social, e assumir a posição de estadista que os paranaenses esperam de um chefe de Estado.

*Enio Verri é deputado federal, presidente do PT do Paraná e professor licenciado do departamento de Economia da Universidade Estadual do Paraná. Escreve nas terças sobre poder e socialismo.

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